Banco do Agricultor Paranaense deve alavancar a agropecuária do estado 28/04/2021 - 15:24

Nesta terça-feira, dia 27, foram assinados os primeiros contratos do programa Banco do Agricultor Paranaense, numa cerimônia no Palácio Iguaçu, em Curitiba. De acordo com o governador Carlos Massa Ratinho Junior, a proposta é alavancar investimentos por meio da equalização de taxa de juros em diversas atividades agropecuárias, além de promover inovação tecnológica, sustentabilidade, geração de emprego e melhoria da competitividade do produto paranaense. O alcance estimado do programa é de R$ 500 milhões.

Com o Banco do Agricultor Paranaense o Estado vai compensar o agricultor, por meio da Fomento Paraná, com o reembolso de até três pontos porcentuais do juro contratado junto às instituições financeiras que trabalham com crédito rural. Neste primeiro momento estão credenciados o Banco do Brasil, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e cooperativas de crédito. “Agora o agricultor do Paraná passa a contar com um banco especializado. É um dia de muita alegria porque conseguimos fortalecer o agronegócio paranaense, especialmente aquelas micro e pequenas propriedades, aliando o desenvolvimento econômico ao desenvolvimento social. O Banco do Agricultor Paranaense vai impulsionar ainda mais o que o Estado já faz muito bem”, destacou Ratinho Junior. Dependendo do enquadramento dentro do programa e das condições do empréstimo, o financiamento pode ter juro zero para o agricultor, com os encargos ficando sob responsabilidade do Governo. Há, ainda, carência mínima para o pagamento da primeira prestação, variável de acordo com cada linha de crédito. 

Joice Kasiano, de Candói, na Região Centro-Sul do Paraná, foi uma das primeiras beneficiadas pelo programa. Ela conseguiu um empréstimo de R$ 28 mil para melhorar o rendimento da sua pequena propriedade leiteira. Terá sete anos para quitar o financiamento, com juros subsidiados pelo Governo do Estado. "É mais melhorias e investimentos dentro das propriedades. Conseguirei matrizes melhores para o meu rebanho, aumentando a captação de leite”, afirmou Joice, que, com as atuais 30 vacas, consegue um volume diário de 600 litros de leite, produção encaminhada para os laticínios da região.

Lídia Pastore Michelon, de Maripá, também já assinou o seu contrato e vai usar os recursos para instalar placas fotovoltaicas na chácara e captar energia solar. O objetivo é diminuir os custos e ganhar competitividade com a produção de frango, peixe e morango. Terá taxa zero durante o financiamento. “Sou mulher, agricultora e mãe. Um programa como esse permite aumentar o engajamento das mulheres no campo”, disse.

De acordo com a lei aprovada pela Assembleia Legislativa, a subvenção está autorizada para cooperativas e associações de produção, comercialização e reciclagem, e agroindústrias familiares, além de projetos que utilizem fontes renováveis de geração de energia ou destinados à irrigação, entre outros. O financiamento será operado no âmbito do Programa Paraná Mais Empregos.

Lideranças
“Esse programa é um movimento a favor do que fazemos de melhor no Paraná, com o Estado atuando para baratear custos”, explicou Norberto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento.
O presidente do Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Paraná) Ágide Meneguette lembrou que o projeto era um pedido antigo dos produtores. “Algo que vai resultar em mais empregos, renda e sustentabilidade em todo o Paraná”, afirmou. 
“O programa vai transformar a vida no campo”, completou o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), Marcos Brambilla.

Para o presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luís Lourenço, a medida terá impacto direto na melhoria da qualidade de vida na região do Arenito Caiuá, área composta por 107 municípios que convivem com problemas de solo e irrigação. “É mais riqueza e renda para uma extensão importante do Paraná”, disse Lourenço. Ele lembrou que uma das linhas oferecidas é justamente a de projetos de irrigação, com subvenção para financiamento de até R$ 850 mil. Nesse caso, os agricultores familiares, de forma geral, e os médios e grandes produtores da região poderão equalizar até 3% de taxas de juros ao ano. Para médios e grandes produtores até 2%. Serão beneficiados projetos para a produção de grãos, pastagens, forragens, mandioca, café, frutícolas, flores e olerícolas.

Sustentabilidade
Para José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, o programa ganha mais importância ainda por incentivar a adoção de medidas sustentáveis, como a produção de energia limpa. O grupo representa 216 cooperativas paranaenses. “A avaliação é muito positiva, especialmente porque a questão ambiental pesa muito. Temos necessidade de gerar energia. Hoje não temos energia suficiente para todos”, ressaltou.

O projeto prevê a subvenção para operações em obras civis, aquisição de materiais e equipamentos e na elaboração de projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis. Serão passíveis do benefício valores financiados de até R$ 500 mil para energia solar fotovoltaica e de até R$ 1,5 milhão em biomassa. A equalização é de 3%. O decreto estipula que, de forma excepcional, programas de apoio à irrigação e de fomento ao uso de fontes de energia alternativas no âmbito do Banco do Agricultor Paranaense terão equalização integral das taxas de juros em contratações efetivadas até 31 de dezembro de 2022.