Colégio estadual de Curitiba inaugura projeto sustentável premiado pela ONU 22/09/2021 - 12:38

O Dia da Árvore, comemorado nesta terça-feira, foi o dia escolhido para a inauguração oficial do projeto “Cultivando Saberes: Educação Socioambiental Para Escolas Sustentáveis” do colégio estadual Leôncio Correia, de Curitiba. O projeto, que é coordenado pelo professor Gabriel Portugal Sorrentino, possibilitou a criação de um Centro de Educação Ambiental dentro do colégio estadual. Foram criados sistemas para captação de água da chuva, instaladas placas de energia solar, hortas sustentáveis e orgânicas, caixa de compostagem, sistema de biogás para alimentar o fogão da cantina e muitas outras melhorias. O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) foi parceiro do colégio desde o início do projeto e prestou todo suporte técnico necessário para execução.

O evento foi embaixo da sala verde - um espaço externo para a realização de eventos – que também fazia parte do projeto e foi construída com bambu, material altamente sustentável. A engenheira agrônoma e coordenadora estadual de projetos do IDR-Paraná, Laís Adamuchio, participou do evento e fez questão de lembrar como foi desafiante todo o processo e ainda reforçou que o colégio deve servir como uma vitrine para todo o estado. Para a agrônoma este projeto deveria ser levado para todos os outros colégios estaduais e se colocou à disposição para ajudar nessa disseminação. “Estamos motivados a levar isso para todo o estado. A ideia é criar um projeto de colégio sustentável e apresentar para as secretarias para que possamos expandir essa boa iniciativa. Podemos prever um sistema digital de vídeo aulas pré-gravadas por técnicos do IDR-Paraná”, afirma Laís.

Para o presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza este projeto é a possibilidade de resgatar e incentivar a responsabilidade com o meio ambiente nas crianças e adolescentes. Algo imprescindível neste momento tão crítico em que vivemos, em meio ao aquecimento global e tendo que conviver com uma crise hídrica e uma instabilidade climática muito grande. “Hoje a maioria da população é urbana. Precisamos resgatar, para esses alunos, um pouco daquele contato com a agricultura que fazia parte da vida dos nossos pais, até mesmo das nossas vidas.

Precisamos ter noção de sustentabilidade e ensinar isso para as crianças” acrescentou Natalino. O presidente também fez questão de se colocar à disposição para criar um centro de educação digital com informações para as escolas que tenham interesse em replicar esta ação. “Não temos como estar em todos os colégios do estado, mas podemos fazer vídeo aulas com o que sabemos e disponibilizar”, reforça.

O chefe do Núcleo Regional de Educação de Curitiba, da Secretaria Estadual de Educação, Guilherme Frecceiro também acompanhou a inauguração e fez questão de parabenizar os envolvidos. Para ele estas iniciativas o fazem pensar que realmente está certo em acreditar, cada vez mais, na educação pública do Paraná. Reforça ainda que se todas as instituições envolvidas se conversassem mais seria possível e expandir esse projeto para outras escolas.

Para os alunos
Os alunos, que ficaram a pandemia toda longe do colégio, ao retornarem para o estudo presencial ficaram surpresos com tantas mudanças. Eles participaram do início do projeto, mas não conseguiram acompanhar toda a evolução de perto pois precisaram fazer as aulas de casa para respeitar o isolamento social. Para a aluna Izabella Van Der Broocke o espaço ao ar livre com a sala verde foi o que mais chamou a sua atenção quando as aulas retornaram. “Não esperava encontrar este espaço tão grande e tão bonito feito de bambu”, afirma. Já para Luiz Gabriel Moreira o que mais chamou a atenção foram as placas solares porque agora ele pode carregar o celular no banco que fica no gramado da escola, ao ar livre.

Já Sulliem Santos de Souza ficou abismada porque se deparou com muito mais do que esperava, pelo que sabia do projeto. “Nossa, encontrei muito mais coisas interessantes do que eu imaginava. Principalmente a composteira. É muito legal”, afirmou a aluna com empolgação. 

Este projeto previa a participação e o envolvimento dos alunos, mas a pandemia não permitiu. Porém, de acordo com Izabella, mesmo à distância, o professor Gabriel fez questão de manter os alunos envolvidos e atualizados através de fotos e postagens nas redes sociais.

Como tudo começou
Neste mesmo dia, há dois anos, o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento Norberto Ortigara foi até o colégio Leôncio Correia para plantar duas árvores em comemoração ao Dia da Árvore. Então começou a conversa para um possível projeto de tornar a escola um centro de referência em sustentabilidade socioambiental. O professor Gabriel colocou o projeto no papel e o secretário pediu que o IDR-Paraná prestasse a assessoria necessária. Foi então que nasceu o “Cultivando Saberes: Educação Socioambiental Para Escolas Sustentáveis”.

O projeto teve como base quatro pilares. Melhorias no espaço físico através das instalações dos sistemas e construções sustentáveis; Componentes curriculares com a inserção de aulas e atividades práticas sobre o tema para os alunos; Gestão, através de um comitê para transformar o investimento em economia e geração de renda para o colégio; e por último a Interação com a Comunidade. Para o professor Gabriel estes foram os quatro eixos pensados para criar uma escola sustentável e se tornaram os fundamentos principais do projeto.

O projeto participou do desafio Escolas Sustentáveis da Organização das Nações Unidas (ONU) e venceu como o melhor projeto do Brasil. Graças a premiação recebeu um investimento de 120 mil reais que deveriam ser investidos em obras com base na sustentabilidade. Projeto pronto e dinheiro na mão. Mas aí veio o grande desafio: A Pandemia. O colégio fechou e os alunos passaram a ter aulas de forma online. Mesmo assim o professor Gabriel continuou indo até o colégio para dar sequência às obras. “Nós não paramos. Mesmo com a pandemia estávamos sempre aqui, sem deixar de atender os alunos é claro, mas conseguimos dar sequência. 

A equipe do IDR-Paraná também atuou durante todo este período. Prestou assistência técnica para plantio e manutenção das hortas, destinou pessoal e equipamentos para retirada dos entulhos e prestou capacitação e assessoria para instalação do sistema de biogás, que será usado para suprir a cozinha do colégio na preparação da merenda escolar, com a ideia de redução de insumos externos na geração de energia. Esse processo é denominado biodigestão. 

Segundo o diretor do colégio, professor Marcelo Monteiro, quando o projeto estava em andamento foi possível perceber o quanto a escola estava atrasada e o quanto podiam evoluir em sustentabilidade. “Quando o professor Gabriel me trouxe este projeto eu assinei de primeira e a escola que somos hoje não é a mesma de dois anos atrás e nem podemos mais ser” afirma. 

Reportagem: Francieli Galo