Parceria entre IDR-Paraná e agricultores: aquisição de microscópio traz agilidade na escolha de defensivos agrícolas 21/06/2021 - 14:54

A cultura da soja é de grande importância econômica para o município de Bela Vista da Caroba, no Sudoeste do estado. No ano passado o plantio da oleaginosa ocupou 4.500 hectares e, espera-se, um aumento de mais de 22% da área na próxima safra que começa a ser plantada em setembro. Para dar agilidade ao trabalho de MID (Manejo Integrado de Doenças), um grupo de produtores formalizou a doação de um microscópio para o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater).

O MID tem contribuído para a reduzir pela metade do uso de defensivos agrícolas em algumas lavouras do município.
Bela Vista da Caroba já contava com um coletor de esporos, equipamento que identifica a presença de esporos que causam a ferrugem da soja. Os extensionistas e produtores fazem a análise das lâminas dos coletores semanalmente e cruzando essa informação com as condições climáticas podem decidir o momento ideal de aplicar o fungicida. Mas até então, as lâminas eram enviadas para análise em Planalto, onde o IDR-Paraná conta com um microscópio, e algumas vezes o resultado podia levar até 24 horas para chegar aos produtores.

Em um curso de MID, realizado pelo IDR-Paraná em parceria com o Senar-Pr, os produtores se mobilizaram para comprar um microscópio. Assim, o diagnóstico das lâminas coletadas poderia ser feito no próprio município. A iniciativa partiu de Clavir Levandosvski e foi aceita prontamente pelos outros produtores. "A gente adquiriu o microscópio para o nosso trabalho de MIP e estamos muito contentes com essa ferramenta de trabalho. Valeu a pena porque antes o Joelson, do IDR-Paraná, tinha que se deslocar 40 quilômetros duas vezes por semana para fazer a leitura das lâminas em Planalto. A despesa era muito grande, além do tempo perdido. A ferrugem quando ataca é muito agressiva e em questão de horas, de dias, a gente acaba perdendo a lavoura. Com o microscópio aqui podemos fazer a leitura e ter o resultado mais rápido", destacou Levandovski.

De acordo com Joelson dos Santos, do IDR-Paraná de Bela Vista da Caroba, o microscópio adquirido teve um custo de R$1.600. "É um equipamento simples, mas é o suficiente para o trabalho que desenvolvemos. Com isso teremos mais rapidez no resultado e a informação chegará aos produtores mais rapidamente", destacou. Atualmente o extensionista dá assistência a trinta produtores, mas ele acredita que esse número deve ser ampliado para 45 na próxima safra. O microscópio chegou ao município no fim do ano passado e já foi utilizado em mais de 35 diagnósticos, atendendo também pedidos de agricultores de Pranchita e Pérola do Oeste.

MIP
Para os produtores de Bela Vista da Caroba não foi difícil entender a importância de ter um microscópio no município. O grupo passou por um curso de capacitação em MIP, iniciado em setembro do ano passado, resultado de uma parceria firmada entre o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), produtores e IDR-Paraná. com isso, na próxima safra eles terão mais autonomia para definir o momento correto de fazer as aplicações de defensivos agrícolas na lavoura a partir das informações do MIP.

Os resultados já apareceram na última safra. Em média os agricultores do grupo fizeram 1,4 aplicações de inseticida, metade do que outros produtores aplicam no município.

A média de produção ficou em 66,7 sacas por ha, o mesmo volume das áreas sem o MIP. "Mais que um simples monitoramento de pragas, o curso teve um papel importante, pois os resultados mostram menos aplicações de defensivos agrícolas, custos menores e maior lucratividade para os agricultores", explicou Santos. O extensionista acredita que o alcance social do MIP também é significativo. "Como o trabalho é feito com produtores familiares, o agricultor ganha mais poder aquisitivo, consegue permanecer na propriedade e garante que seus filhos fiquem na propriedade", concluiu Santos.

Reportagem: Roberto Monteiro