Primeira colheita de tomate orgânico resulta frutos saudáveis e mais rentáveis a produtores rurais 07/12/2020 - 15:59

O tomate sempre foi visto como uma hortaliça cuja produção depende diretamente do investimento em insumos. Mas produtores das regiões de Cascavel e Umuarama estão conquistando o mercado com a produção orgânica. A redução de custos e a obtenção de alimentos mais saudáveis são algumas das vantagens da produção sem insumos químicos.

Neste mês sete produtores da região de Cascavel iniciaram a primeira colheita de tomate produzido no sistema orgânico. Os agricultores foram assessorados pelos extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) e passaram por um processo contínuo de capacitação. Três propriedades ficam em Capitão Leônidas Marques, duas em Braganey e duas em Matelândia que apresentaram resultados satisfatórios. "Eu e os produtores ficamos impressionados. O que parecia impossível ficou até fácil de fazer. Eu tinha muita dificuldade de controlar algumas pragas do tomateiro e agora o controle ficou até simples e muito eficiente” afirmou o técnico agropecuário Irineu Vojssczak, do IDR-Paraná de Capitão Leônidas Marques.

Segundo o produtor Nereu Antônio Ozelame, da Comunidade de Alto Alegre, a produção orgânica levantou muita desconfiança no início. “Entrei meio desconfiado porque tenho experiência com a cultura do tomate. Achava que não conseguiria controlar as pragas com produtos alternativos. Mas deu certo e hoje estou utilizando o mesmo método de controle para toda a plantação", explicou o agricultor. Ele já produzia tomate no sistema convencional há alguns anos, em três estufas. Nesta safra ele destinou uma pequena parte para o tomate orgânico e deverá produzir cerca de duas toneladas neste sistema.

A produtividade estimada é de 8 kg por planta, com um custo variável de R$ 1,20/kg. A produção deve ser vendida por um preço médio de R$ 3,50/kg, com margem bruta de R$ 2,30/kg (65%). A comercialização será feita no próprio município, entregue para supermercados locais, para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Outro segmento que Ozelame vai atender é a venda direta ao consumidor. Ele acredita que não será difícil encontrar compradores para a produção desta safra.

Umuarama
Em Altônia, região de Umuarama, Paulo Henrique Gaiarin e Eduardo Petinati Ribeiro apostaram na produção de tomate de acordo com a proposta conhecida como Tomatec, que propõe uma redução do uso de defensivos agrícolas, somente quando eles são necessários. Eles foram adiante e resolveram produzir sem qualquer aplicação de agrotóxicos.

O sistema Tomatec foi desenvolvido pela Embrapa Solos e sugere ao produtor observar normas rígidas de procedimentos de controle de qualidade. No Tomatec o Manejo de Pragas (MIP) e de doenças (MID) e o ensacamento das pencas de tomate são práticas que controlam as pragas. A produção é rastreada do plantio à comercialização. Antes de ir para o mercado, uma amostra do tomate é colhida e enviada para o laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro. O objetivo é verificar se existe contaminação por resíduos químicos. Comprovada a sanidade do produto, a produção recebe o selo Tomatec (emitido pela Casa da Moeda do Brasil). No Paraná, a Embrapa credenciou o IDR-Paraná como responsável pela rastreabilidade e concessão do selo.

Em Altônia, o plantio de tomate foi feito em uma estufa e teve o acompanhamento dos extensionistas João Gabriel Oliveira e Carlo Diorio. Eles orientaram a condução do cultivo, a adubação e o manejo de pragas e doenças. Todas as operações realizadas foram anotadas para comprovar a rastreabilidade da produção. Para monitorar as pragas e doenças foram instaladas armadilhas. Assim, foi possível fazer o controle preventivo com princípios ativos microbiológicos, possibilitando oferecer aos consumidores um produto diferenciado.

Em agosto a produção começou a ser comercializada em supermercados de Altônia e Umuarama, a R$ 5,50/kg. Os produtores estão animados com o resultado e estão estudando a ampliação do negócio para atender outros mercados que procuram um produto seguro, saudável e sustentável.

Élcio Pavan, coordenador regional do IDR-Paraná de Cascavel, observou que a produtividade dos cultivos orgânicos, até o momento, é bem satisfatória. Ele aponta que as plantas apresentam boa sanidade e os custos caíram significativamente, sem o uso de produtos químicos para o controle de pragas. Segundo Pavan, a não utilização desses insumos convencionais diminui os riscos para o produtor que não precisa entrar em contato com esses produtos, evita a contaminação do meio ambiente e ainda oferece ao consumidor um produto sem resíduos de agrotóxicos. "A partir da divulgação desses resultados, o IDR-Paraná espera motivar outros produtores e aumentar o número de propriedades produzindo tomate e outros produtos no sistema orgânico a partir de 2021", concluiu.

Reportagem: Roberto Junior Monteiro