Agroecologia é tema de reunião online da Acamdoze 15/03/2021 - 13:23

A demanda crescente por alimentos de qualidade tem levado muitos produtores a optarem pela produção agroecológica ou orgânica. No último dia 10 representantes  da Associação das Câmaras Municipais da Microrregião Doze (Acamdoze), em parceria com o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater), participaram de uma discussão virtual sobre agroecologia. Na oportunidade, especialistas da área conversaram sobre diversos temas como o incentivo à produção orgânica, maior controle do uso de insumos químicos e certificação. 

Para Márcio Miranda, gerente estadual de Agroecologia do IDR-PR,  atualmente grande parte dos consumidores dá mais atenção aos cuidados com a natureza  e ao processo de produção dos alimentos que chegam a sua mesa. Ele lembra que a agroecologia pode atender a essa necessidade e é um dos pilares do trabalho do Instituto junto aos produtores rurais paranaenses. A mudança de modelo de agricultura está ocorrendo aos poucos. No Paraná já foi criada uma lei para que a alimentação escolar seja 100% orgânica até 2030. Hoje a taxa é de cerca de 30%. “É uma meta ousada, mas vamos conseguir passo a passo. Temos muito para caminhar”, frisou Miranda. 

Além do avanço das práticas orgânicas, também tem aumentado a pressão da sociedade sobre os métodos tradicionais de cultivo e manejo das lavouras. A promotora de Justiça de Campo Mourão, Rosana Araújo de Sá Ribeiro, comentou que o Ministério Público tem um trabalho proibindo a aplicação de agrotóxicos no entorno de áreas urbanizadas. “O Gaema (Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo) tem trabalhado a questão das cortinas verdes com a proposta de criar leis municipais proibindo aplicações de agrotóxicos em região periurbanas de até 300 metros sem cortina verde e de 50 metros com cortina verde. Na área de ação do Gaema, 16 municípios já legislam neste sentido. Precisamos produzir sem agrotóxicos”, ressaltou a promotora. 

Orientação
O gerente regional do IDR-Paraná, em Campo Mourão, Jairo Quadros, lembrou que a região tem o compromisso da implantar um cinturão verde nos municípios, ou as chamadas cortinas verdes, para impedir a que os agrotóxicos atinjam áreas urbanas. “A extensão rural conversa com os produtores para a redução do uso de agrotóxico em torno das cidades de forma muito criteriosa, buscando alternativas viáveis de implantação com a manutenção ou até o incremento da renda. Na região, alguns sericicultores vêm enfrentando prejuízos com pulverizações aéreas. Não podemos deixar o problema acontecer para depois tomar a atitude”, alertou. Quadros afirmou que a intenção do IDR-Paraná não é atrapalhar a vida de quem produz,  mas orientar os produtores para que possam gerar renda de forma sustentável. "Não podemos mais pôr em risco a saúde pública fazendo pulverizações nas proximidades de distritos, aglomerados rurais e cidades”, ressaltou. 

 “No Brasil temos visto um crescimento bastante significativo nas últimas décadas, entre 15% a 20% ao ano, da área de agricultura orgânica. Porém, no ano passado, com a situação da pandemia, a demanda por alimentos orgânicos aumentou cerca de 40%”, informou André Luiz Miguel, do IDR-Paraná. Segundo ele, a área de agricultura orgânica certificada, no mundo é de 72,3 milhões de hectares e envolve mais de três milhões de agricultores. O mercado gira  em torno de três bilhões de euros.  

Novas práticas
Na região da Comcam (Comunidade dos Municípios  da Região de Campo Mourão) existem quinze produtores certificados que estão comercializando produtos para a merenda escolar e também no mercado convencional. O presidente da Acamdoze, Luiz Tavares Rosa, disse que discutir a produção de alimentos orgânicos é oportuno. “Acreditamos que a Acamdoze, em parceria com o IDR-Paraná e Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul), entre outros parceiros, pode fomentar o crescimento da produção de orgânicos, gerando mais renda para o agricultor familiar, levando alimentação mais saudável para a população”, destacou.

Os especialistas destacam que a agroecologia é uma forma de agricultura sustentável que retoma as concepções agronômicas anteriores à chamada “Revolução Verde”, quando os insumos químicos passaram a ser usados em larga escala. A agroecologia incorpora questões sociais, políticas, culturais, energéticas, ambientais e éticas às práticas agropecuárias.