Boletim agrometeorológico do IDR-Paraná de outubro marcado por excesso de chuvas no Paraná 07/11/2023 - 10:02

Outubro de 2023 foi marcado por muita chuva em todo o Estado do Paraná (Figura 1). A média estadual de precipitação foi de 360 mm, sendo que a média histórica é 191 mm. A maior precipitação registrada foi de 652,8 mm em Pato Branco, sendo que desse total, 174,2 mm ocorreu em um único dia (28). Nesse dia houve chuvas muito intensas em toda a região Sudoeste do Paraná, com vários pontos de alagamento.

 

Precipitação Total

Figura 1. Precipitação (mm) registrada em outubro de 2023 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

Houve precipitações em quantitativos elevados em todas as regiões durante o mês outubro, especialmente nas regiões Sul, Sudoeste, Central, Litoral e RMC (Figura 2). A região Sul registrou 305,5 mm acima da média histórica. Menores quantitativos pluviométricos ocorreram nas regiões Noroeste e Norte, mas ainda assim o total de chuva ultrapassou do esperado em 60,4 e 90,1 mm, respectivamente.

Precipitação média

Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em outubro de 2023 nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar. *RMC - Região Metropolitana de Curitiba.

Assim, o mês finalizou com chuvas acima da média histórica em todos os municípios do Estado (Figura 3). Em Curitiba, por exemplo, a média histórica é de 149,6 mm e choveu 563 mm em outubro de 2023, superando em 413,4 mm. Em vários municípios do Paraná, as chuvas de outubro atingiram recordes históricos desde início dos registros em 1997, como em Curitiba, Pato Branco, União da Vitória, Ponta Grossa entre outros.

Anomalia precipitação

Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em outubro de 2023 em relação à média histórica em alguns municípios do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

As temperaturas foram bastante variáveis no Paraná. Nas localidades com chuvas constantes e excessivas, como Sul, Sudoeste, RMC e Litoral, as temperaturas máximas foram mais amenas, inferior à média histórica (Figura 4). Por outro lado, nas regiões em que as chuvas não foram extremamente volumosas, as temperaturas máximas foram mais elevadas que a média histórica do local. Já as temperaturas mínimas foram na sua grande maioria superior à média histórica. Na média estadual, a temperatura máxima foi -0,3 oC abaixo da média histórica e a temperatura  mínima foi 1,2 oC acima da normal climatológica.

Máxima e mínima

Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas e mínimas de outubro de 2023 no Paraná. Fonte: Simepar.

Quanto ao efeito do clima na agricultura do Paraná, os altos índices pluviométricos prejudicaram parcialmente a agricultura nas regiões que o quantitativo de precipitação foi extremo. Nas demais regiões a agricultura se desenvolveu dentro da normalidade.


Soja – Até o final de outubro foi realizada 69% da semeadura da safra de soja no Paraná e desse montante 92% apresentaram boas condições, 7% condições medianas e 1% condição ruim, sendo essas duas últimas concentradas na região Sul e Sudoeste (SEAB). Devido às precipitações constantes houve atraso na semeadura nas regiões mais ao sul e ocorrência de erosão laminar principalmente na região Noroeste. Mas de maneira geral, as chuvas de outubro favoreceram ao aumento da disponibilidade de água no solo e germinação das sementes.
Milho 1ª safra – De acordo com a SEAB, 93% da área de milho 1ª safra foram semeadas até outubro no Paraná e 83% apresentaram condições consideradas boas, 15% médias e 2% ruins. O milho em condição ruim e mediana encontra-se majoritariamente semeado nas regiões que sofreram com chuvas intensas, como Sul e Sudeste. Nas demais regiões, as chuvas de outubro favoreceram o abastecimento hídrico do solo e das plantas.
Feijão 1ª safra – As chuvas intensas ocorridas em outubro também prejudicaram parte da cultura do feijão no Paraná. A umidade do solo excessiva e baixa luminosidade registrada em outubro prejudicaram o desenvolvimento de algumas lavouras de feijão, as quais apresentaram porte baixo. A semeadura atingiu 83% do total previsto, estando 73% sob boas condições, 24% mediana e 3% ruim. As lavouras mais afetadas foram às localizadas nas regiões com chuvas mais intensas.
Trigo – O trigo foi a cultura que mais foi prejudicada pelas chuvas, apresentando baixa produtividade e qualidade. De acordo com a SEAB, até o final do mês, 89% da área haviam sido colhidas. Quanto às condições das lavouras 42% foram classificadas como boa, 44% médias e 14% ruins. Altos índices de pragas e doenças como brusone e giberela, umidade excessiva do solo, atraso na colheita, alta umidade dos grãos, foram algumas adversidades enfrentadas na cultura.
Mandioca – A colheita da mandioca ocorreu em um ritmo mais lento devido ao excesso de precipitação. O plantio da nova safra foi praticamente concluído e as lavouras apresentaram bom desenvolvimento.
Cana-de-açúcar – Deu-se continuidade na colheita da cana-de-açúcar. As novas lavouras apresentaram bons desenvolvimentos.
Fruticultura – De acordo com a SEAB, as chuvas excessivas no Sul do Estado prejudicaram alguns pomares de ameixa, pêssego, uva, maçã e tangerina devido à queda das frutas e ataque de doenças. Nas demais regiões o desenvolvimento das frutíferas ocorreram dentro da normalidade.
Olerícolas – O grande quantitativo de precipitação prejudicou muitas áreas olerícolas, com erosão e apodrecimento das plantas, principalmente as folhosas cultivadas a céu aberto.
Café – Encerrou a colheita do café. Houve desuniformidade na maturação devido às floradas tardias ocorridas em novembro e dezembro/2022. A alta taxa de grãos verdes prejudicou a qualidade e comercialização. De acordo com a SEAB, 76% apresentaram boas condições de desenvolvimento, 20% condições médias e 4% ruins.
Pastagens – Devido o alto quantitativo pluviométrico de outubro, as pastagens aumentaram a produção da massa verde.
Mananciais hídricos – As chuvas elevaram consideravelmente os níveis dos rios, represas e córregos.
Solo – Devido os altos qualitativos pluviométricos houve muitos episódios de erosão hídrica no solo. A demanda pela semeadura e outros manejos culturais em solos úmidos também provocaram compactação de solos por máquinas agrícolas.

Dados: Setor de Agrometeorologia do IDR-Paraná