Com orientação correta, agricultores de Araucária eliminam resíduos de agrotóxicos da produção 04/09/2023 - 15:07

Há treze anos produtores que participam da Associação de Agricultores Familiares do Capinzal, de Araucária, entregam alimentos para o programa estadual da merenda escolar. A cada entrega a Vigilância Sanitária recolhe amostras das hortaliças e frutas para verificar se há resíduos de agrotóxicos. Mesmo sendo produtores convencionais, que aplicam defensivos nas lavouras com frequência, até hoje as amostras não apresentaram qualquer sinal de contaminação. Esse é o resultado do trabalho feito pelos extensionistas do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) junto aos produtores, orientando sobre o correto manejo de pragas e doenças, o uso adequado dos produtos químicos e a observação de prazos de carência.

De acordo com João Batista Marinho, técnico do IDR-Paraná de Araucária, em 2017 foi intensificada a orientação aos agricultores sobre a utilização de agrotóxicos de forma racional. “Em parceria com o Senar-PR fizemos cursos sobre o manejo de pragas e doenças, o maior problema do cultivo de hortaliças. Além disso, acompanhamos as propriedades com visitas técnicas para que o produtor aprenda a identificar as pragas e doenças. E esse trabalho continua”, observou o extensionista.

Novas práticas - Segundo Marinho, a atuação da Vigilância Sanitária Municipal tem levado os agricultores a tomarem mais cuidado com o uso dos agrotóxicos. “Os agricultores têm consciência de que é preciso diminuir o uso desses produtos. O problema é que ao longo do tempo já se criou a mentalidade de que para lidar com a horticultura tem que usar agrotóxico. Além disso, existem pelo menos dez lojas de insumos no município. Os vendedores visitam as propriedades com frequência para oferecer os agrotóxicos”, informou Marinho.

Para lidar com esse panorama, os técnicos do IDR-Paraná têm promovido treinamentos que reduzem a necessidade de insumos químicos nas lavouras. Além do manejo integrado de pragas e doenças, os produtores também são convidados a conhecer os bioinsumos – produtos de origem biológica utilizados para combater pragas - e o SPDH (Sistema de Plantio Direto de Hortaliças). “A situação já melhorou bastante, apesar do uso continuar na maioria das propriedades”, observou Marinho. Os resultados das análises mostram que, pelo menos os associados da Associação do Capinzal, estão fazendo o uso racional dos agrotóxicos.

Mercado - A iniciativa de diminuir a aplicação de defensivos químicos nas lavouras, tem uma preocupação mercadológica. Marinho explicou que muitas empresas que compram hortaliças em Araucária estão cobrando qualidade e exigindo a rastreabilidade dos produtos. “Eles querem saber de onde veio o alimento, como o produtor está cultivando, o que foi usado no cultivo, se esses agrotóxicos têm registro ou não e se os prazos de carência foram observados”, afirmou.

Orlando Leal é presidente da Associação do Capinzal. Ele informou que atualmente 31 produtores estão fazendo a entrega de frutas, hortaliças, tubérculos e pães para as escolas de Araucária. “Toda semana a Vigilância Sanitária faz a análise dos produtos. Até hoje não tivemos nenhum problema”, comemorou o produtor. Um exemplo é o resultado das análises feitas nos alimentos entregues no Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski e Colégio Estadual Professora Helena Wysocki. Foram coletadas 24 amostras, entre elas abobrinha, beterraba, tomate, cebola e brócolis. Todas elas foram consideradas satisfatórias, comprovando a qualidade dos alimentos. Além dos produtores da Associação do Capinzal, os extensionistas do IDR-Paraná também orientam outros agricultores interessados em diminuir o uso de agrotóxicos nas lavouras.