Evento em Paranavaí mostra alternativas de alimentação para o gado de corte 21/07/2023 - 08:37

O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural - Iapar-Emater) realizou no último dia 19, o II Dia de Campo Integra Arenito, no Polo de Pesquisa e Inovação do Instituto, em Paranavaí. O foco principal foi o uso do sorgo, o grão e a silagem, na alimentação animal. O cultivo da cultura tem crescido na região, já que os produtores têm o sorgo como alternativa para alimentar o gado, frente aos altos custos do milho.

Pesquisadores e extensionistas trataram de diversos aspectos da produção de sorgo na região. O potencial da cultura e a produção de sorgo em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) ganharam destaque nos estandes da área do IDR-Paraná. Os participantes também puderam discutir com especialistas como se dá a infiltração e armazenamento de água no solo em SIPA e o grau de compactação do solo no Arenito Caiuá. Como o interesse maior é dos produtores de gado de corte, os organizadores do dia de campo mostraram também o uso do sorgo em grão, e em silagem, na alimentação de bovinos de corte, bem como a utilização da silagem de capim capiaçu na terminação de bovinos de corte.

O Arenito Caiuá é um território formado por 107 municípios da região Noroeste do Paraná. Ou 3,2 milhões de hectares, 16% do território paranaense. A região é caracterizada por solos arenosos e bem drenados, que possuem um bom potencial para a agricultura. Porém, após um período de investimentos em pesquisa, manejo e tecnologia o Arenito Caiuá despontou com um forte potencial para a agricultura paranaense. Com a ILPF (Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta) a região ganhou destaque no agronegócio sustentável, ampliando a área agricultável do estado, devolvendo produtividade à pecuária e diversificando a produção com a introdução do cultivo de grãos

Mais Sorgo - De acordo Katia Gobbi, pesquisadora do IDR-Paraná e organizadora do evento, a região do Arenito Caiuá, embora apresente desafios, tem um grande potencial. “Temos que pensar na intensificação da produção, com conservação, sustentabilidade ambiental, técnica e social”, destacou. A pesquisadora acrescentou que a demanda pelo sorgo aumentou ultimamente porque a cultura é uma opção que pode substituir o milho na região. Além disso, o sorgo também é resistente a períodos de veranico, tão comuns na região. Embora a área destinada à produção de alimento para o gado venha diminuindo consideravelmente, a região continua sendo a principal produtora de bovinos de corte do estado. Frederico José Evangelista Botelho, da Embrapa, comenta que o movimento pelo aumento da área de sorgo é um esforço que envolve diversas instituições. “Queremos integrar as várias cadeias para fomentar a expansão do cultivo do sorgo no Brasil”, afirmou Botelho.

De acordo com os pesquisadores, a textura arenosa do arenito oferece uma boa capacidade de drenagem do solo, o que evita o acúmulo excessivo de água e favorece o desenvolvimento das raízes das plantas. No entanto, essa mesma característica pode resultar em menor retenção de nutrientes e água, exigindo uma gestão adequada da fertilidade do solo e irrigação. Celso Daniel Seratto, do IDR-Paraná, afirma que o solo de arenito é muito bem drenado, e se não tiver matéria orgânica no perfil para manter a água no sistema pode causar problema.

Opção de verão e inverno - O cultivo do sorgo, entre outras qualidades, apresenta um alto potencial de produção de grãos e de matéria seca e a capacidade de suportar estresses ambientais. O sorgo ainda é tolerante a estresse hídrico. A cultura pode ser uma alternativa de cultivo de verão, para a produção forrageira. No inverno ou segunda safra, o sorgo pode ser uma opção para a produção de grãos e forragem. A cultura está ganhando espaço na cesta básica de ingredientes forrageiros, junto com milho, trigo, triticale, farelo de arroz e fécula de mandioca.

Os participantes do dia de campo também conheceram outras alternativas de alimentação para o gado. Simony Marta Lugão, pesquisadora do IDR-Paraná e coordenadora estadual de Bovinocultura de Leite, relatou que devido às características físicas e químicas do solo do arenito, o capim-BRS Capiaçu tem sido uma opção para a produção de volumoso conservado. “Umas das características importantes deste capim é a sua alta produtividade e perenidade, com produtividade quatro a seis vezes maior que o sorgo forrageiro (200 kg a 300 kg de matéria verde/ha) e com vida útil em torno de 10 a 15 anos, concluiu. A pesquisa desenvolvida pelo IDR-Paraná tem centrado esforços em tecnologia e desenvolvimento rural sustentável. De acordo com Vânia Moda Cirino, diretora de Pesquisa e Inovação do IDR-Paraná, “Muitas entregas foram realizadas durante essas cinco décadas de ações de pesquisa pública do estado. São 26 projetos de pesquisa que estão sendo criados dentro do Polo de Paranavaí e vamos criar mais um Centro de Inteligência em Irrigação, com um Investimento de R$ 1,5 milhão”.

O "II Dia de Campo Integra Arenito" promoveu uma verdadeira imersão no universo do sorgo e das práticas agrícolas sustentáveis na região do Arenito no Paraná. Produtores, especialistas e entusiastas se uniram em busca de conhecimento, troca de experiências e novas perspectivas para o agronegócio local.

Reportagem: Maria Helena Marçal