Ações do IDR-Paraná preservam recursos hídricos 22/03/2023 - 10:38

No Dia Mundial da Água as atenções se voltam para este recurso natural que, a cada dia, está mais ameaçado. O uso excessivo, os fenômenos climáticos e a poluição têm colocado em risco a oferta de água de qualidade tanto para as populações urbanas quanto para os moradores das áreas rurais.  Diante da urgência de tratar a água como um recurso finito e fundamental para a atividade humana, toda iniciativa que preserva nascentes ou implementa o uso racional da água na agropecuária é bem-vinda.

Na microbacia do rio Miringuava, Região Metropolitana de Curitiba, o caminho é adotar práticas agrícolas preservacionistas. A bacia é uma das principais produtoras de hortaliças da região e de todo o estado. No ano passado a região foi responsável pela produção de 42 mil toneladas de hortaliças, movimentando mais de R$ 116 milhões nas unidades da Ceasa do Paraná. Apesar de ter apenas 0,5% da área do estado, pouco mais de 116 mil hectares, a região foi responsável por 9% de toda a produção de hortaliças do Paraná.

Apesar dos números positivos, os produtores da região praticam uma agricultura intensiva, com revolvimento excessivo do solo, construção de canteiros no sentido da declividade dos terrenos, alto uso de adubos solúveis e baixa utilização de tecnologia para manejo de irrigação. Tais práticas ocasionam a deposição de sedimentos nos corpos hídricos, diminuindo a qualidade da água na região. Vale ressaltar que a Sanepar capta água da bacia para abastecer Curitiba.

Diante deste cenário, o IDR-Paraná tem elaborado, junto com parceiros como Sanepar, Fundação Grupo Boticário e Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, diversos projetos para melhorar o manejo de solo e água na região. No fim de 2022 foi feito um diagnóstico da agricultura praticada na região, com base em análise de solos coletadas em diferentes sistemas de produção.

Manejo conservacionista - Segundo Tiago Hachmann, engenheiro agrônomo do IDR-Paraná, foram avaliados aspectos físicos, químicos e biológicos de diferentes áreas, para que os pesquisadores pudessem apontar as melhores alternativas de manejo do solo. Um grupo de pesquisadores da área de solos do IDR-Paraná já fez as coletas nas propriedades para conhecer as principais práticas agrícolas executadas e trocar experiência com os agricultores. Num segundo momento os pesquisadores e extensionistas vão levar alternativas para o manejo conservacionista do solo e da água na região. As ações apontam principalmente para a diminuição da perda de solo por erosão. Além disso, os pesquisadores querem melhorar a infiltração de água no solo e aumentar a fertilidade química, física e biológica das áreas. “Como reflexo disso, espera-se uma melhoria na qualidade da água captada no Rio Miringuava, pela Sanepar”, afirmou Hachmann.

Na semana passada pesquisadores da área de climatologia e irrigação do IDR-Paraná  fizeram um reconhecimento da região. Na oportunidade, eles se reuniram com   professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), para criar um sistema inteligente de manejo, capaz de realizar uma irrigação mais eficiente, reduzindo o uso de energia e água nas lavouras. Os pesquisadores também aproveitaram a oportunidade para visitar alguns proprietários e identificar as dificuldades que eles enfrentam com o manejo da irrigação. Hachmann acredita que com esse projeto será possível reduzir em até 30% o consumo de água na irrigação, tornando os cultivos mais eficientes.

“A participação dos pesquisadores no processo de proposição de alternativas de manejo de solo e água é fundamental para a promoção das melhorias necessárias na bacia. Eles têm um profundo conhecimento a respeito do manejo de solo e de água. O intercâmbio de informações entre pesquisadores, extensionistas e agricultores permitirá que as técnicas sejam adaptadas à realidade local. Com essas ações, certamente será possível melhorar a quantidade e qualidade da água captada na região”, concluiu o extensionista. Nas próximas semanas os extensionistas do IDR-Paraná devem concluir o diagnóstico da bacia e vão apresentar um plano de manejo, indicando as principais alternativas para o adequado manejo dos solos e da água na bacia do rio Miringuava.

Nascentes - Outra ação desenvolvida em todo o estado é a proteção de nascentes. Os extensionistas visitam propriedades, avaliam as condições das fontes que abastecem as famílias e fazem a sua proteção. Para isso, usam a técnica do solo cimento, pedras e terra do local, um pouco de cimento e canos. Com essa proteção a fonte fica inacessível para animais, livrando a água da contaminação. Também é feita a recomposição da vegetação ao redor da nascente. Esse trabalho tem se mostrado valioso para as famílias rurais. Mesmo em anos de estiagem, muitas nascentes protegidas mantêm alguma produção de água. Mais de quatro mil fontes já foram protegidas no estado, beneficiando inúmeras famílias. Além de terem água de qualidade em suas residências, esses produtores ainda preservam as nascentes das suas comunidades.

Reportagem: Roberto Monteiro