Boletim agrometeorológico do IDR-Paraná de outubro foi marcado por chuvas decorrentes de frentes frias 07/11/2022 - 09:00

Outubro de 2022 foi marcado por muita chuva em todo o Estado do Paraná (Figura 1). A média estadual de precipitação em outubro foi de 304,4 mm. A precipitação chegou a 523,2 mm em Francisco Beltrão, sendo que desse total, 227,6 mm foram registrados em 48 horas (dias 10 e 11). Nesses dias ocorreram chuvas muito intensas em toda a região Sudoeste do Paraná.

Precipitação outubro

Figura 1. Precipitação (mm) registrada em outubro de 2022 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

Em outubro as precipitações foram predominantemente decorrentes de sistemas frontais (frentes frias). Tais sistemas ingressam no Paraná predominantemente pelas regiões Sudoeste e Oeste e perdem força à medida que se deslocam e avançam pelo Estado devido ao relevo e outros fatores. Por esse motivo o Sudoeste e Oeste do Paraná foram os locais que houve o maior acumulado de precipitação (Figura 2).

Precipitação média

 Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em outubro de 2022 nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

Assim, o mês finalizou com chuvas acima da média histórica em todas as regiões do Estado (Figura 2 e 3), como em Pato Branco no Sudoeste, em que a média histórica é de 217,3 mm e choveu 524 mm em outubro de 2022, superando em 306,4 mm. O município de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (RMC) foi o que mais se aproximou da média histórica, com um total pluviométrico de 142,6 mm em outubro/2022 e média histórica de 140,8 mm. Em média, choveu 304,4 mm no Estado e a normal climatológica é de 185,3 mm, superando assim, 119,1 mm da chuva esperada para o mês.

Anomalia precipitações

Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em outubro de 2022 em relação à média histórica em alguns municípios do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

As temperaturas foram amenas no Paraná em decorrência das chuvas em abundância. Tanto as máximas como as mínimas apresentaram valores inferiores às médias históricas em praticamente todo o Estado, especialmente as temperaturas máximas. A Figura 4 apresenta a diferença entre a temperatura máxima e mínima histórica de outubro e a média em outubro/2022. Em Santa Helena, por exemplo, a média histórica da temperatura máxima de outubro é 30,3oC e em outubro de 2022 registrou 26,9oC, ficando 3,4oC abaixo do esperado para o mês. Em Foz do Iguaçu a média da temperatura mínima registrada no mês foi 14,9oC, permanecendo 3,3oC abaixo do esperado, que é 18,2oC. Em média, as temperaturas máximas e mínimas do Paraná foram 1,8oC e 1,0oC abaixo da normal climatológica, respectivamente.

Anomalia máximas e mínimas

 Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas e mínimas de outubro de 2022 no Paraná. Fonte: Simepar.

Quanto ao efeito do clima na agricultura do Paraná, de modo geral, os altos índices pluviométricos registrados em outubro beneficiaram a agricultura e pecuária. Por outro lado, as culturas do trigo e feijão foram prejudicadas pelas condições climáticas.

Soja – Até o final de outubro foi realizado 67% da semeadura da safra de soja no Paraná e desse montante 95% apresentaram boas condições (Seab/Deral). Houve atraso devido às precipitações constantes. As chuvas de outubro favoreceram o aumento da disponibilidade de água no solo e germinação das sementes. Porém as intensas chuvas e nebulosidade provocaram baixos índices de luminosidade e baixas temperaturas, acarretando um desenvolvimento mais lento das plantas.

Milho 1ª Safra – De acordo com a Seab, 91% da área de milho 1ª safra foi semeada até outubro no Paraná e 86% apresentaram condições consideradas boas, 13% médias e 1% ruins. As chuvas constantes de outubro favoreceram o abastecimento hídrico do solo e das plantas, porém o longo período nublado com baixa incidência de radiação solar e temperaturas baixas provocaram um desenvolvimento mais lento da cultura.

Feijão 1ª Safra – As condições meteorológicas ocorridas em outubro foram desfavoráveis para a cultura do feijão. As luminosidades e temperaturas baixas registradas em outubro prejudicaram o desenvolvimento de algumas lavouras de feijão, as quais apresentaram porte baixo. As precipitações constantes impediram a semeadura do feijão em alguns locais e o excesso de umidade provocou perda na qualidade das lavouras mais adiantadas na fase de maturação.

Trigo – Em outubro deu-se continuidade na colheita do trigo no Paraná. De acordo com a Seab, até o final do mês, 72% da área havia sido colhida. Quanto às condições das lavouras 64% foram classificadas como boas, 31% médias e 5% ruins. Os altos índices pluviométricos ocorridos em outubro, além das geadas ocorridas em algumas regiões durante o desenvolvimento vegetativo, prejudicaram a qualidade e produtividade do cereal.

Mandioca – A colheita da mandioca ocorreu em um ritmo mais lento devido ao excesso de precipitação. O plantio da nova safra foi praticamente concluído e as lavouras apresentaram bom desenvolvimento.

Cana-de-açúcar – Deu-se continuidade na colheita da cana-de-açúcar. As novas lavouras apresentaram bons desenvolvimentos.

Fruticultura – As chuvas acima da média histórica foram benéficas para as frutíferas em geral.

Olerícolas – Em geral, as olerícolas se beneficiaram do alto índice pluviométrico ocorrido em outubro. Somente as folhosas cultivadas a céu aberto foram prejudicadas pelas chuvas excessivas.

Café – As chuvas abundantes de outubro beneficiaram a cultura do café e a expectativa é de excelentes produtividades.

Pastagens – Devido ao alto quantitativo pluviométrico de outubro, as pastagens aumentaram a produção da massa verde.

Mananciais hídricos – As chuvas elevaram consideravelmente os níveis dos rios, represas e córregos.

Solo – Devido aos altos qualitativos pluviométricos houve muitos episódios de erosão hídrica no solo. A demanda pela semeadura e outros manejos culturais em solos úmidos também provocaram compactação de solos por máquinas agrícolas.

Dados: Setor de Agrometeorologia do IDR-Paraná