Colheita do trigo avança e confirma safra recorde em produtividade no Paraná, aponta Deral 30/10/2025 - 12:30
A colheita do trigo segue em ritmo acelerado no Paraná e deve confirmar um recorde histórico de produtividade, mesmo diante das dificuldades impostas pelas chuvas durante o ciclo. Com 5,77 milhões de hectares de soja plantada no estado, a cultura se consolida como nossa principal produção. O milho teve um ganho significativo de área de cerca de 20% e o comportamento das culturas da batata, do tomate e da cebola são os destaques do Boletim Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (30/10) pelo Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab.
Até o momento, 83% dos 819 mil hectares semeados em 2025 já foram colhidos, e os rendimentos médios ultrapassam 3.300 kg por hectare. Hugo Godinho, do Deral, ressaltou nas áreas ainda em fase final de colheita — concentradas principalmente no Sul do estado — que a expectativa é de resultados ainda melhores, o que deve consolidar a maior produtividade já registrada no Paraná, superando os 3.173 kg/ha alcançados em 2016.
O desempenho é considerado excepcional, sobretudo porque parte das lavouras enfrentou déficit hídrico, geadas e menor investimento em insumos. Mesmo assim, as condições climáticas favoráveis nas últimas semanas, com mais dias de sol, favoreceram a secagem dos grãos e impulsionaram a colheita.
Apesar do rendimento recorde, o volume total produzido será menor do que em outras safras, reflexo da redução de 25% na área plantada em relação ao ano anterior, que foi de 1,11 milhão de hectares. “A produção estimada é de 2,75 milhões de toneladas, cerca de 18% superior à de 2024 (2,32 milhões), mas ainda abaixo das 3,66 milhões de toneladas de 2023, quando o Paraná atingiu volume próximo à sua capacidade de moagem”, explica Godinho.
Portanto, mesmo com esse bom resultado, o volume colhido não será suficiente para atender à demanda da indústria paranaense, sendo, necessário trazer trigo de outros estados e até mesmo de outros países para atender o setor moageiro.
Com isso, o estado deve novamente colher menos trigo que o Rio Grande do Sul, que reassumiu a liderança nacional nos últimos anos.
Com relação aos preços de venda, o produtor está recebendo R$ 64,00 por saca, preço que fica abaixo do custo variável de produção que é de R$ 73,00. Vale destacar que há um ano, a expectativa era de que a saca fosse vendida a R$ 76,00.
SOJA – Com 5,77 milhões de hectares de soja plantada no estado, a cultura se consolida como nossa principal produção. Para se ter uma ideia, a soja responde por 50% de toda a produção da safra passada. De acordo com Edmar Gervásio, do Deral, os 71% de área plantada até agora estão dentro do calendário, com as chuvas dos últimos dias ajudando no desenvolvimento das plantas. “O que falta plantar está concentrado nas áreas mais frias do estado, com uma perspectiva de que o plantio seja finalizado na primeira quinzena do próximo mês, com previsão de clima favorável tanto para o plantio quanto para a colheita. Espera-se uma boa safra, próxima do recorde”, esclarece. Com relação ao preço, não aconteceram grandes oscilações nos últimos três meses, permanecendo entre R$ 115,00 e R$ 122,00.
Conforme Gervásio, no cenário nacional, a Conab divulgou neste mês de outubro sua primeira estimativa de produção. “Em condições climáticas normais, o Brasil deverá colher cerca de 177,64 milhões de toneladas de soja, volume 3,6% superior ao ciclo anterior”, conclui.
MILHO – Com expectativa de 337,8 mil ha de área plantada, o milho teve um ganho significativo de área de cerca de 20%, com recuo de área plantada da cultura de feijão, podendo chegar a uma produção de 3,5 milhões de toneladas e até mesmo a quase 4 milhões de toneladas. Segundo Hugo Godinho, se o comportamento for parecido com o observado na safra passada, levando-se em conta que a Conab projetou uma boa safra nacional, deve acontecer um ganho significativo de área, que pode inclusive superar a área de soja.
O preço vem se mantendo estável pelos últimos três meses, apesar de estar num patamar 8% menor que o registrado no ciclo anterior, na casa dos R$ 52,00, cobrindo o custo variável que está abaixo dos R$ 40,00. “Em questão de preço, a cultura do milho vive um bom momento. Como o produtor está definindo agora o que vai plantar, a escolha óbvia é que ele faça a opção pelo plantio do milho”, finaliza Godinho.
HORTIFRUTIS – O boletim conjuntural do Deral destaca ainda o comportamento das culturas da batata, do tomate e da cebola. Depois de apresentar crescimento na safra 24/25, a batata apresenta sinais de retração para 25/26. Na 1ª safra, a área cultivada apresenta queda de 5%, passando de 17,5 mil hectares para 16,7 mil hectares. A produção acompanha a queda, com redução de 10%: de 584,2 mil toneladas para 527,7 mil toneladas. O rendimento médio também recua, de 33,3 mil kg/ha para 31,6 mil kg/ha, o que indica perda de produtividade — possivelmente associada a fatores climáticos
Já a batata 2ª safra mostra estabilidade e leve avanço: a área aumentou de 10,1 mil para 10,5 mil hectares em 2023/24, e a produção subiu de 268,1 mil para 309,2 mil toneladas, mantendo rendimento elevado, próximo de 29,4 mil kg/ha.
O tomate da 1ª safra mantém estabilidade entre as safras 2024/25 e 2025/26, tanto na área (2,5 mil hectares) quanto na produção (174,5 mil t para 171,7 mil t, variação de -2%).
O rendimento médio sobe levemente, de 68,4 mil kg/ha para 68,9 mil kg/ha, sinalizando eficiência produtiva e manejo mais ajustado, mesmo com estabilidade na área plantada.
Já o tomate de 2ª safra apresentou pequena retração na área plantada (-4%), passando de 1,8 mil hectares para 1,7 mil hectares na safra 24/25. A produção caiu de 125,4 milhões de toneladas para 92,2 milhões de toneladas, correspondendo a uma retração de -26%. O rendimento caiu de 70,1 kg/ha para 58,0 kg/ha.
Segundo Paulo Andrade, do Deral, apesar de representar uma pequena área, a importância de se destacar o cultivo da cebola está na relação que existe em seu consumo no dia a dia. A cebola é a cultura que mostra a maior variação negativa entre as duas safras. A área plantada caiu 15%, de 3,2 mil ha para 2,8 mil ha, enquanto a produção recua 17%, de 129,1 mil t para 107,6 mil t. O rendimento médio cai de 39,8 mil kg/ha para 39,0 mil kg/ha, pequena redução percentual, mas significativa em termos de eficiência.



