Com alta rentabilidade e resistência à seca, algodão volta ao radar de produtores paranaenses 26/06/2025 - 10:34

O algodão pode voltar a ser uma alternativa que oferece maior rentabilidade aos produtores paranaenses, aproveitando-se das oscilações de preços das culturas mais populares e dos problemas desencadeados pelas mudanças do clima. Motivação existe para isso, afinal o Paraná foi o maior produtor de algodão do Brasil no início da década de 1990, com mais de 700 mil hectares cultivados.

“Há coisas importantes acontecendo no Paraná, com a volta do plantio do algodão na região Noroeste e Norte do Estado. Está crescendo muito, e é mais uma opção para rotação de cultura e melhoria da renda do produtor rural”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes.

O algodão é uma cultura com maior resistência à seca, necessita de pouca água e muitas horas de sol para completar seu ciclo. No Brasil, a produção se concentra principalmente na região do cerrado, no Mato Grosso, e no Noroeste do Paraná, que apresentam clima semelhante e com alto potencial para a produção da cultura. O Paraná também tem a vantagem do solo mais fértil, que possibilita a utilização de metade da adubação necessária no cerrado.

Apesar da produção pequena nos últimos anos, em torno de 2,4 mil toneladas, quando comparado com os anos 90, a demanda pela cultura continua alta. Segundo a Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), estima-se que seria preciso o plantio de 50 mil hectares de algodão no Estado para suprir a demanda interna.

Levantamentos de 2014 estimam que 60 mil toneladas de plumas eram consumidas pelo parque têxtil do Paraná, de acordo com a Acopar. São ao menos 10 fiações e 7 tecelagens que trabalham com matéria-prima, hoje vinda principalmente do cerrado brasileiro.

Almir Montecelli, Diretor Presidente da Associação, explica que a produtividade que o Paraná poderia conseguir nos dias atuais com cotonicultura seria o dobro do que era antigamente ou quando comparado com outras culturas populares. “O Paraná planta para colher 500 arrobas por alqueire e nessas condições ele dá o dobro de lucratividade da soja” explica.

Mas ainda assim alguns produtores já conseguem maior produtividade e, como consequência, maior lucratividade. “Nós já temos este ano variedades, condições e agricultores colhendo 700 arrobas por alqueire”, diz o presidente.

Montecelli explica também que um dos grandes problemas enfrentados antigamente era o bicudo do algodoeiro, principal praga da cultura e com alto potencial destrutivo, mas nos dias atuais, já é possível controlar este problema. “Bicudo, que é uma praga séria, no restante do Brasil se faz o controle com cerca de 15 aplicações de inseticida. No Paraná a gente faz apenas 7 aplicações e sem uso de fungicidas, que é utilizado no resto do país”, registra.

A produção de algodão também é benéfica ao solo. A lucratividade de uma safra da cultura pode ser o suficiente para que não seja necessária uma segunda safra, que pode desgastar o solo. E com a preservação do solo, a próxima cultura no solo, tanto de algodão, quanto de outras culturas, pode ser beneficiada.

PRODUÇÃO - Em 2024, apenas cinco municípios registraram a produção comercial do algodão no Valor Bruto de Produção (VBP), com dois "reinícios". Sertaneja aparece como maior produtor. Esse município do Norte do Estado apresentou aumento significativo em relação ao ano anterior. Enquanto em 2023 produziu 601 toneladas em 124 hectares, no ano passado foram 520 hectares para produção de 2.095 toneladas. O VBP teve um salto de 107%, passando de R$ 8,8 milhões para R$ 18,3 milhões.

Em Assaí e Jataizinho já havia produção e agricultores de Andirá e Nova Santa Bárbara optaram por começar o cultivo de algodão. A perspectiva para 2025 é que a produção do Paraná aumente com mais municípios plantando. A Acopar trabalha com a expectativa de que passe dos 584 hectares totais de 2024 para cerca de 1,5 mil hectares no Estado.

O VBP teve um salto de 107%, passando de R$ 8,8 milhões para R$ 18,3 milhões. A perspectiva para 2025 é que a produção aumente com mais municípios plantando. A Acopar trabalha com a expectativa de que passe dos 584 hectares totais de 2024 para cerca de 1,5 mil hectares.