Comunidade indígena ganha banco de mudas melhoradas de batata doce 04/05/2023 - 09:30

A comunidade indígena Porá Rendá, em Terra Roxa, foi o local escolhido para a implantação de um campo com mudas de batata doce fortificada, material desenvolvido pela Embrapa. As plantas foram usadas no espaço do IDR-Paraná durante o Show Rural Coopavel, no início deste ano. Terminada a feira, passaram a formar um banco de mudas na comunidade.

De acordo com Scheila Juliana da Silva, do IDR-Paraná de Guaíra, as mudas serão multiplicadas e repassadas a outras quinze comunidades indígenas em Guaíra e Terra Roxa. O campo tem cerca de 400 metros quadrados e recebeu mudas de seis variedades de batata doce: BRS Anembé, BRS Rubissol, CIP BRS Nuti, BRS Cuia, BRS Amélia e BRS Cotinga. O diferencial dessas variedades é que elas são mais produtivas, mais precoces, resistentes a doenças e pragas. Além disso, as variedades têm compostos bioativos, ou seja, componentes que nutrem e fazem bem para a saúde humana. Segundo os pesquisadores da Embrapa, os principais compostos são as antocianinas, presentes na batata de polpa roxa, e o betacaroteno, na batata de polpa alaranjada. Ambos podem contribuir para reduzir a ocorrência de doenças degenerativas e cardiovasculares.

As mudas multiplicadas em Terra Roxa serão repassadas para as famílias indígenas com mais aptidão para a agricultura. O compromisso dos participantes nesse trabalho é de multiplicar as plantas e repassar a outras famílias. “A iniciativa ajuda a diminuir o problema de insegurança alimentar em que vivem essas comunidades”, observou Scheila, Ela informou que a tarefa de melhorar a alimentação dos indígenas não é simples. Mesmo com escassez de alimentos de qualidade no dia a dia, nem todo alimento é aceito pela comunidade. Scheila observou que é preciso respeitar as tradições alimentares dos indígenas para fazer com que um alimento faça parte da sua rotina. “O consumo de raízes e tubérculos é bem comum entre os indígenas, o que facilita a aceitação da batata doce”, acredita Scheila.

Um aspecto que ajuda a disseminar o uso dessas variedades entre os indígenas é que elas são mais nutritivas e produtivas que as variedades convencionais. Essas plantas também foram testadas em diferentes condições de clima e solo do país, o que garante o seu cultivo em diferentes regiões. Como as mudas têm qualidade, são sadias e livres de doenças, facilitam o manejo dos plantios. Com o acesso a essas variedades de batata doce, a população indígena passa a ter um alimento de qualidade que pode melhorar os indicativos de saúde nessas comunidades. O campo de mudas de Terra Roxa foi acompanhado pelos extensionistas do IDR-Paraná e o repasse para outras comunidades deve ser feito em agosto ou setembro.