Controle da mancha-de-bipolaris será debatido durante Seminário Nacional de Milho Safrinha 05/08/2025 - 09:18

Evento tradicional, em sua 18ª edição, reúne especialistas para divulgar resultados da rede cooperativa de monitoramento e controle da doença

Epidemias de manchas foliares na cultura do milho, doença causada pelo fungo Bipolaris spp, têm despertado a atenção de profissionais e produtores por limitar o potencial produtivo nos principais estados produtores da segunda safra. Há relatos que os prejuízos na produtividade podem variar de 10% a 80%, sendo que resultados de experimentos conduzidos por pesquisadores demonstram uma forte associação negativa entre a severidade final da doença e a produtividade. “Ou seja, para cada aumento de 1% na severidade da mancha-de-bipolaris no estádio R4 (severidade final), ocorre uma redução média de 0,78% na produtividade. Com base nesse coeficiente, foi estimado danos de produtividade em torno de 8%, 20% e 32% para níveis de severidade de 10%, 25% e 40%”, relata Adriano Custódio, fitopatologista do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná que desenvolveu o estudo com pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa que envolveu diversas instituições de forma cooperativa foi publicada em agosto na Revista Cultivar Grandes Culturas.

Para saber mais CLIQUE AQUI 

Segundo ele, os sintomas da doença nas folhas do milho podem variar conforme a raça do patógeno, sendo características pequenas lesões que se alongam, formando retangulares irregulares limitadas pelas nervuras, com exceção das extremidades. “A coloração típica é palha, com bordas marrons. Essas lesões geralmente medem de 20mm a 30mm de comprimento e podem se unir, formando extensas áreas necrosadas”, alerta Custódio, que apresenta palestra sobre o tema na I Reunião Brasileira em Sanidade de Milho durante o XVIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, evento que acontece em Londrina-PR de 9 a 11 de setembro de 2025.

Controle da doença se dá por híbridos resistentes e aplicação correta de fungicidas -  Os pesquisadores chamam a atenção dos produtores sobre a decisão de se aplicar fungicidas para o controle do problema. “É fundamental quantificar os danos causados pela doença foliar no agroecossistema de segunda safra para embasar ajustes de manejo que justifiquem o uso rentável de fungicidas. Como os níveis estimados de severidade são frequentemente menos perceptíveis visualmente a campo é sugerido adotar estratégias de aplicação preventiva de fungicidas para tecnicamente justificar o controle da doença”, reforça Custódio.

Ainda segundo ele, embora alguns fungicidas tenham alcançado níveis de controle entre 55% e 65%, a eficácia geral em híbridos suscetíveis permaneceu relativamente baixa. “Isto ressalta a importância de cautela ao se depender exclusivamente de fungicidas para o manejo da doença. Resultados de diversos experimentos conduzidos na rede cooperativa comprovam que as aplicações realizadas ao longo de todo o desenvolvimento da cultura do estágio vegetativo ao reprodutivo foram fundamentais para a manutenção da produtividade”, ressalta.

Como conclusão, Custódio reforça aos produtores a necessidade de monitoramento das lavouras e o uso de híbridos resistentes. “Quando justificada a aplicação antecipada de fungicidas, tal prática deve ser iniciada no estádio V6 ou antes, em V4, mantendo o controle até o final do ciclo da cultura. É essencial conduzir protocolos adicionais de eficácia comparativa entre diferentes ingredientes ativos e níveis de suscetibilidade dos híbridos”, afirma.

Milho

Doença: Mancha-de-bipolaris

Sintomas: lesões necróticas

As lesões na folha são geralmente ovais, alongadas e estreitas, sem bordas bem definidas.

Orientação das lesões:

As lesões tendem a seguir a direção das nervuras das folhas.

Confusão com outras doenças:

É importante diferenciar a mancha-de-bipolaris da cercosporiose e da estria bacteriana, pois os sintomas podem ser semelhantes.

Distribuição:

As lesões geralmente se concentram nas folhas mais velhas, mas podem se espalhar para as mais jovens em casos mais avançados.

Causas e disseminação:

O fungo Bipolaris spp. sobrevive em restos culturais infectados e em grãos.

A disseminação ocorre principalmente por conídios (esporos) transportados pelo vento e respingos de chuva.

Condições de alta umidade e temperaturas entre 22°C e 30°C favorecem o desenvolvimento da doença.

Impacto:

A mancha-de-bipolaris pode levar à redução da área foliar, afetando a fotossíntese e, consequentemente, a formação dos grãos.

Isso pode resultar em perdas significativas na produtividade e na qualidade do grão.

Manejo: cultivares resistentes: utilizar cultivares de milho com resistência ou tolerância à doença.

Práticas culturais: rotação de culturas, manejo adequado da irrigação e espaçamento entre plantas podem ajudar a reduzir a pressão da doença.

Controle químico: em casos de alta severidade, a aplicação de fungicidas registrados pode ser necessária, sempre com orientação de um engenheiro agrônomo.

Monitoramento: é importante monitorar a lavoura regularmente para detectar precocemente a presença da doença.

Rede Nacional de Pesquisa sobre Fitossanidade

Criada durante o IX CBSoja (Congresso Brasileiro de Soja) e Mercosoja 2022, realizados em Foz do Iguaçu-PR, a Rede Nacional de Pesquisa sobre Fitossanidade (RFT) trouxe, como proposta em âmbito nacional, otimizar cadeias de colaboração já existentes entre centros de pesquisa públicos e privados para desenvolver estudos sobre pragas, doenças e plantas daninhas nas culturas de soja, milho, algodão, feijão e trigo.

“A RFT é o amadurecimento de diversas iniciativas independentes espalhadas pelo Brasil”, avalia Adriano Paiva Custódio, pesquisador do IDR-Paraná. “Como são trabalhos de características semelhantes, o objetivo é fortalecer as cooperações já existentes e formar uma base para a criação de futuras redes de parcerias”, acrescenta. “Nossa ênfase tem sido principalmente as doenças de plantas nas culturas de soja, milho, trigo e algodão, que se apresentam como importantes lavouras extensivas de produção de grãos e fibras no Brasil. Assim, o nosso propósito é contribuir para o sucesso de agricultores e empresas do agronegócio brasileiro na superação de importantes desafios fitossanitários”, complementa Custódio.

Saiba mais sobre a Rede Nacional de Pesquisa sobre Fitossanidade (RFT) AQUI 

SERVIÇO

XVIII Seminário Nacional de Milho Safrinha

Onde: Parque de Exposições Governador Ney Braga – Londrina-PR

Quando: 09 a 11 de setembro de 2025

Inscrições com valores promocionais no segundo lote. Participe!