Diretor-presidente do IDR-Paraná recebe prêmio Top View 18/12/2025 - 15:30

Nesta quinta-feira (18) o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, recebeu o troféu Personalidades Top View. A entrega foi feita pelo gerente de Produto da Top View, Robinson Passos, na sede do IDR-Paraná, em Curitiba. O prêmio procura destacar profissionais que inspiram e transformam o mercado na área de gestão, negócios, sustentabilidade, ação social, esporte, cultura estilo, entretenimento e sociedade.

Natalino Avance de Souza é natural de Jaguapitã e graduado em Agronomia pela Fundação Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel, de Bandeirantes. Em 1978 ingressou na Acarpa (Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná) que posteriormente passou a ser a Emater e hoje é o IDR-Paraná, vinculado à Seab. Na Extensão Rural, foi extensionista local, gerente regional e diretor técnico. Em 2019 coordenou a criação do IDR-Paraná, com a fusão do CPRA (Centro de Referência em Agroecologia), Iapar, Codapar e Instituto Emater. Natalino tem mestrado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná, foi presidente da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná) e secretário da Agricultura e do Abastecimento. Entre 2023 e 20224, também respondeu pela presidência da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Asbraer), que coordena o sistema nacional de entidades.

NEGOCIADOR - Natalino acredita que o seu aprendizado se consolidou ao longo de mais de quatro décadas de trabalho. “Eu tive a oportunidade de exercer a função de extensionista na unidade municipal, passei pela unidade regional, como coordenador e gerente regional. Na unidade estadual fui gerente operacional, fui assessor de planejamento, diretor técnico e passei pela Ceasa. Isso me ajudou a ter uma visão do que é a agricultura do Paraná”, observou. Para ele, a capacidade de dialogar e negociar com diferentes instituições e parceiros foi fundamental. “Ter essa visão geral contribui para você construir e aplicar as políticas públicas necessárias. Essa capacidade reconhecida de mediação me ajudou tanto na Ceasa, quanto no processo de criação do IDR-Paraná, um sistema que permita fazer com que a pesquisa agropecuária chegue aos agricultores”, observa. Na opinião de Natalino, uma das tarefas do IDR-Paraná é levar mais informação para o produtor familiar, diminuindo a diferença entre os produtores de maior poder aquisitivo, ligados às cooperativas, e os demais agricultores. “Essa deve ser a preocupação sobretudo numa instituição como o IDR-Paraná que agora tem a competência da pesquisa e da extensão rural”, destaca Natalino.

Não foram poucos os desafios enfrentados por Natalino. Ele lembra que na Ceasa implantou a licitação dos espaços de comercialização, que até então eram passados “de pai para filho”. A mudança exigiu uma grande flexibilidade nas negociações com os permissionários. Ele destaca ainda o período em que esteve à frente da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, além da criação do IDR-Paraná. Segundo Natalino, foi preciso vencer as diferenças culturais das empresas envolvidas na fusão para que o Instituto tivesse a configuração necessária para atender o seu público.

Para Natalino, a assistência técnica teve um papel preponderante na transformação do Paraná no que o governador Ratinho Junior chama de ‘maior supermercado do mundo’. Ele ressalta que o arranjo organizacional do estado, envolvendo cooperativas, FAEP, Fetaep e instituições de ensino facilita esse trabalho, já que propicia o diálogo em prol da agricultura.

Apesar desse sucesso, Natalino destaca que o estado ainda enfrenta alguns desafios e uma das grandes questões é manter o equilíbrio ambiental com uma produção sustentável. “Hoje estamos preocupados com a escassez hídrica. O Paraná também precisa avançar no uso mais adequado dos produtos químicos, principalmente os agrotóxicos. Além disso, não podemos desconsiderar o distanciamento tecnológico que ainda existe entre os agricultores. Temos um grupo de produtores que consegue, pela escala de produção ou poder financeiro, avançar rápido na agricultura. E temos um outro segmento que ainda precisa se incorporar ao processo de modernização e redução da penosidade na agricultura. Os produtores precisam ter mais qualidade de vida, para que se sintam acolhidos no meio rural e não deixem de ser agricultores”, afirmou Natalino.

O Censo Agropecuário do IBGE de 2017 indica que o êxodo rural continua. O Paraná perdeu 65 mil estabelecimentos rurais, grande parte dessa população é composta por produtores familiares. “Temos um desafio enorme que é socorrer esses agricultores para que eles venham a ter renda suficiente. Precisamos criar densidade de renda nas pequenas propriedades, para que as famílias possam ficar no meio rural. Nesse conjunto de coisas, entra a sucessão familiar. Se a gente não for eficaz no acolhimento desses agricultores familiares, o jovem não vai querer ficar no campo. Nós já enfrentamos algumas dificuldades com mão de obra em algumas regiões, porque ninguém quer ficar no meio rural. O trabalho é pesado, a população não tem acesso à internet em muitas comunidades. Isso afasta os jovens rurais do campo. Temos que agir para mudar essa realidade”, concluiu Natalino.