Extensão Rural comemora 69 anos no Paraná 21/05/2025 - 08:08
O dia 20 de maio de 1956 marca o início da história da Extensão Rural no Paraná. Naquela data foram implantados os primeiros Escritórios Técnicos de Agricultura (ETAs), criados para difundir tecnologias e novas práticas agrícolas no campo, seguindo o exemplo do sistema de extensão implantado à época nos EUA. Desde então, o serviço oficial de assistência técnica e extensão rural tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento agropecuário do estado. Hoje o IDR-Paraná atua diretamente com centenas de produtores familiares, levando ao campo o conhecimento gerado pela pesquisa oficial, implementando políticas públicas e incentivando a adoção de práticas agropecuárias sustentáveis.
O diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, lembra a importância da extensão rural para o estado. Segundo ele, foi graças à atuação dos extensionistas que o Paraná se transformou em um grande produtor de alimentos. “Com os agricultores, entidades cooperativas e de crédito, o serviço de Extensão Rural ajudou a transformar a agricultura do Paraná de uma agricultura de subsistência, num dos principais estados exportadores do Brasil. Os produtos do nosso estado hoje atingem cerca de 175 países do mundo. Nós temos muita satisfação por ter participado dessa transformação. Por ter ajudado a transformar o Paraná no supermercado do mundo”, ressaltou.
Souza destaca, porém, que o estado ainda convive com algumas dificuldades. “Temos muitos desafios e desequilíbrios. Tem pobreza no campo, problemas de desequilíbrios ambientais. Mas a extensão está aí para, ao lado do homem do campo, continuar trabalhando”, disse o diretor-presidente do IDR-Paraná.
Trajetória - Ao longo de sua história a Extensão Rural foi se adaptando à realidade do seu tempo. A primeira turma de extensionistas foi constituída por onze economistas domésticas e nove agrônomos. O desafio era aprimorar os programas de crédito rural, incentivar o cooperativismo e melhorar a qualidade de vida das famílias no meio rural. A partir dos anos 70 as atenções se voltaram para os programas de conservação de solos e o manejo integrado de pragas. Já nos anos 90, o serviço de Extensão Rural participou ativamente da formulação e implementação de programas para as regiões com baixa aptidão agrícola, com o objetivo de incluir, social e economicamente, as comunidades mais pobres do estado. Nos anos 2000 os projetos de desenvolvimento sustentável, a agro industrialização, o apoio aos agricultores e suas organizações, bem como o programa de gestão de solos e água em microbacias ganharam evidência.
Essa trajetória demonstra a capacidade da Extensão Rural se mobilizar em torno das necessidades do seu público, característica que está em sua gênese, segundo Natalino Avance de Souza. “A Extensão sempre teve que se ajustar aos tempos em que está inserida. Lá no começo o jeep foi uma ferramenta importante para chegar aos produtores. Depois vieram os fuscas e os barcos no litoral. O extensionista precisava estar junto com os agricultores”, recordou Souza. Para ele, os novos tempos exigem mudanças mais radicais. “Hoje nós temos recursos que permitem trabalhar à distância, fazendo o mesmo papel. Com as ferramentas da internet, da conectividade, da Inteligência Artificial podemos ser mais eficazes. Então, precisamos nos modernizar. Atualmente estamos discutindo a questão do CAR (Cadastro Ambiental Rural) com o uso da IA e imagens de satélite. Com isso é possível ajudar o agricultor a regularizar a sua situação, a ter um crédito rural mais barato. Então, a Extensão Rural está se preparando para este novo momento”, afirmou.
Natalino lembra ainda que nos anos 70/80 foi feito um trabalho intenso com as cooperativas. “Havia um assessor para cada uma das grandes cooperativas da época. A maioria deles depois virou dirigente. A Extensão teve uma participação ativa no fortalecimento do cooperativismo no Paraná, considerado hoje um dos melhores do Brasil e do mundo. Agora, nós temos uma outra missão que é com as cooperativas da agricultura familiar. Estamos querendo reproduzir o mesmo trabalho, de forma diferente. Não precisa ter mais um extensionista presencial o tempo todo na cooperativa. É possível ter uma sala digital, tratando temas importantes para essas cooperativas e multiplicando o trabalho. O que a gente tem presenciado é uma transformação na metodologia, na forma de tratar os assuntos. Esta é a Extensão Rural do século XXI”, concluiu o diretor-presidente do IDR-Paraná.