Entre os dias 6 e 10 de agosto, acontece em Curitiba a 22ª edição da Jornada de Agroecologia. Realizado no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o evento tem como objetivo promover a agroecologia como modelo de sociedade, fortalecer a agricultura familiar, a segurança alimentar e a justiça social. A programação inclui seminários, oficinas, exposições e apresentações culturais, reunindo participantes de diversas regiões do Brasil e de outros países.

Como já é tradição, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) participa da Jornada com suporte logístico com as estruturas de bambu e  distribuição de sementes adaptadas ao cultivo orgânico. “Reforçamos a importância de estarmos próximos dos agricultores que fazem a agroecologia acontecer. Na Estação Estação de Pesquisa em Agroecologia de Pinhais, trabalhamos com tecnologias apropriadas para esses produtores, alinhados ao movimento agroecológico, à economia solidária e aos movimentos populares do campo. A Jornada também é um momento para divulgar nossas sementes não transgênicas e sem agrotóxicos”, comentou o agrônomo da área de socioeconomia do IDR-Paraná, Ivo Melão.

Melão explicou que como instituição pública, o instituto tem muito a contribuir para o fortalecimento da agroecologia e para o enfrentamento da crise climática. Uma das agricultoras que recebeu as sementes foi Lúcia Correia, de Barbosa Ferraz. Para ela, a troca de sementes faz parte de um ciclo, pois ela é uma das feirantes do evento. “O plano é plantar e poder trazer para a próxima Jornada de Agroecologia, né? Porque são sementes boas e eu acho muito bom ter quem estuda para poder fazer essas sementes”, afirmou.

Quem também marca presença na Jornada de Agroecologia é o Programa Paraná Mais Orgânico, Núcleo IDR-Paraná Curitiba. Técnicos e agricultores se organizaram para montar um espaço na Feira da Agrobiodiversidade. “É a primeira vez que fazemos essa comercialização em formato de feira. Então, é um apoio à comercialização que já está previsto no programa. E a comercialização é direta: todos os produtos que estão disponíveis caem diretamente na conta do agricultor”, explicou a técnica do programa, Lizana Santos. Ela destaca que muitas pessoas ainda não conhecem a diversidade de alimentos que vem do campo devido à separação entre campo e cidade e a Jornada é uma vitrine enorme em Curitiba.

O agricultor Luca Manfroi Wistuba, de Campo Largo, foi um dos agricultores presentes na exposição. “Está sendo uma experiência muito legal, e quem passar por aqui vai encontrar, principalmente, alimento agroecológico: sem veneno, com nutrição e sabor”, comentou.

A comercialização de alimentos também foi tema da oficina e seminário “Fortalecendo a Agroecologia: desafios e caminhos nas políticas públicas de compra direta”, organizado pela Terra de Direitos, o Ekoa – Núcleo de Pesquisa e Extensão em Direito Socioambiental e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep). 

Marcos Maciel, extensionista do IDR-Paraná, destacou que as Políticas Públicas são fundamentais para garantir o escoamento da produção agroecológica, o acesso a mercados institucionais, o apoio técnico e financeiro, além de fortalecer a segurança alimentar.

Segundo Maciel, a produção agroecológica enfrenta dois grandes desafios: a produção em si e a comercialização. “O agricultor agroecológico, dentro da agricultura familiar, normalmente não tem produção suficiente para atender uma chamada pública. Aí ele precisa se organizar como associação ou como cooperativa para conseguir fechar uma produção maior e inserir no PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] ou no PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar]”, explicou.

A cada ano a Jornada de Agroecologia se reafirma como um caminho construído por passos de muitos, uma caminhada coletiva feita de partilhas, aprendizados e saberes. Uma jornada que fortalece quem produz, inspira quem consome e une campo em cidade em um projeto de sociedade mais justo e sustentável.