Missão do Banco Mundial visita o Paraná para definir investimento de US$ 186 milhões em Programa de Segurança Hídrica 17/07/2025 - 15:18

Uma missão técnica do Banco Mundial está no Paraná, nesta semana, para discutir e colaborar na formatação do Programa de Segurança Hídrica do Paraná (PSH). A equipe percorre a região Noroeste do estado para conhecer as tecnologias e práticas sustentáveis adotadas pelo IDR-Paraná junto aos produtores, com foco na conservação do solo e da água. O Banco Mundial destinará US$ 186 milhões para o financiamento de ações em microbacias hidrográficas no estado. O governo paranaense entrará com uma contrapartida de US$ 77 milhões. O objetivo é ampliar o uso adequado e regularizado dos recursos hídricos, aumentar a disponibilidade sustentável de água para usos múltiplos e expandir a área agrícola, de forma resiliente e ambientalmente correta. A iniciativa se torna cada vez mais urgente diante dos impactos já sentidos das mudanças climáticas sobre a agropecuária paranaense.

Segundo Amauri Pinto Ferreira, gerente de Políticas Públicas e Sustentabilidade do IDR-Paraná, a área prioritária do programa será o Arenito Caiuá Expandido, que abrange 116 municípios no Noroeste e parte do Centro do estado. Ele ressalta que a região tem sido uma das mais afetadas pelos eventos climáticos extremos nos últimos anos. “Entre 2019 e 2021, uma estiagem severa acendeu um sinal de alerta sobre a recorrência desses eventos. Embora o Paraná mantenha um bom índice pluviométrico anual, a distribuição das chuvas está cada vez mais irregular. Em certos períodos, 10 a 15 dias sem chuva podem resultar em perdas de até 40 sacas de soja por hectare. Além disso, as chuvas concentradas têm causado alagamentos e o retorno da erosão em diversas localidades”, explicou.

Soluções sustentáveis para as mudanças climáticas

Amauri enfatiza que o Paraná, sendo o maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo, precisa se preparar para a nova realidade climática. “A intensificação da agricultura impacta diretamente a conservação do solo e da água. Os sistemas de cultivo atuais não favorecem a infiltração da água no solo, o que compromete a recarga dos aquíferos. Para enfrentar esse desafio, o IDR-Paraná desenvolveu um conjunto de práticas sustentáveis de produção que reduzem os impactos negativos da agricultura intensiva”, completou.

Com apoio do Banco Mundial, o IDR-Paraná instalará microbacias de referência em cada município do Noroeste Expandido. Nessas unidades, serão implementadas práticas como: terraceamento, o Sistema de Plantio Direto na Palha (SPD), o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), o uso de plantas de cobertura, a recuperação de matas ciliares, a proteção de nascentes e fontes, a implantação de sistemas de tratamento de esgoto rural, a preservação de água de nascentes e chuvas. Segundo Amauri, são cerca de cem práticas sustentáveis disponíveis, com o objetivo de demonstrar aos agricultores que é possível produzir com rentabilidade e sustentabilidade.

Uso racional da água e fortalecimento institucional

Na próxima semana, os representantes do Banco Mundial se reúnem em Curitiba para discutir e aprovar as tecnologias que serão adotadas no PSH. O IDR-Paraná designará um extensionista por região para atuar exclusivamente no programa, além de um residente técnico por escritório local. Esses profissionais serão responsáveis por realizar o diagnóstico das microbacias e adequar as ações às necessidades locais. A meta é diagnosticar 50 microbacias ainda em 2025 e, até o fim de 2026, alcançar a totalidade das 116 unidades planejadas. “Cada escritório regional do IDR-Paraná estará mobilizado. A conservação do solo e da água é parte da nossa missão, sempre alinhada à geração de renda para o agricultor”, destacou Amauri.

Gestão integrada da água

Com a implantação do PSH, o Paraná deve avançar na gestão racional e integrada dos recursos hídricos. O programa busca reduzir conflitos pelo uso da água, evitar o desabastecimento urbano e rural, aumentar a infiltração da água no solo, e mitigar a erosão em áreas rurais e periurbanas. Além do IDR-Paraná, participam do programa instituições como o Instituto Água e Terra (IAT), a Sanepar e as Secretarias Estaduais da Agricultura e do Planejamento. A proposta é articular todos os setores em torno de uma gestão eficaz, com foco na segurança hídrica, produtividade agrícola e sustentabilidade ambiental. “Queremos apoiar o setor agropecuário com todas as ferramentas possíveis, aumentando a produtividade, mas com responsabilidade no uso da água, sem comprometer o abastecimento humano e o equilíbrio dos ecossistemas”, finalizou Amauri.