Novo livro reforça papel da pesquisa no combate à degradação do solo 15/04/2025 - 13:24

Publicação integra esforços em benefício da agropecuária e do meio ambiente

Já está disponível para produtores, técnicos e formuladores de políticas públicas o segundo volume da coletânea Manejo e conservação de solo e água: resultados da hidrossedimentometria e atributos do solo. A obra sistematiza resultados de cinco anos de pesquisas nas diversas regiões produtoras do estado, e traz como destaque a significativa participação de pesquisadores do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater), autores e coautores de boa parte dos capítulos. Interessados podem baixar a versão em PDF AQUI.

Hidrossedimentometria é o estudo do comportamento da água da chuva quando ela escorre pela superfície do solo e carrega partículas de terra. A técnica é usada para entender a forma como as precipitações causam erosão e avaliar a eficiência de práticas de conservação, como o uso de terraços, coberturas vegetais ou plantio direto.

“Ao medir a quantidade de água que escoa e de terra que é levada, é possível indicar maneiras mais sustentáveis de usar o solo, preservando sua fertilidade e evitando o assoreamento de rios e nascentes”, explica a pesquisadora Graziela Moraes de Cesare Barbosa, do IDR-Paraná, coordenadora do Napi-Prosolo e uma das organizadoras do livro, juntamente com Cristiano André Pott, da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e André Pellegrini, ligado à UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).

De acordo com Graziela Barbosa, “este segundo volume representa um marco para a ciência agrícola paranaense, ao integrar indicadores físicos, químicos e biológicos do solo com resultados práticos e aplicáveis às propriedades rurais”.

Organizada por mesorregião, a obra apresenta uma profunda análise da dinâmica das chuvas, carreamento de sedimentos e qualidade dos solos em áreas cultivadas, com e sem práticas conservacionistas como o terraceamento agrícola.

A partir de experimentos conduzidos em bacias hidrográficas e megaparcelas monitoradas, os estudos quantificaram o escoamento superficial, a perda de sedimentos e a variação de nutrientes, fornecendo subsídios para o planejamento conservacionista adaptado às diferentes condições de solo e clima do Paraná. Outros temas abordados incluem a aplicação de chuva simulada, a análise integrada da qualidade química, física e biológica do solo e o impacto de práticas de manejo sobre a emissão de gases do efeito estufa.

O livro também apresenta diretrizes para o uso racional de dejetos de origem animal, prática comum no Sudoeste paranaense, e traz recomendações para produtores interessados em melhorar a sustentabilidade dos sistemas produtivos.
A primeira obra, Manejo e conservação de solo e água: formação, implantação e metodologias, concentrou-se na estruturação da rede e nas estratégias metodológicas adotadas nas pesquisas.

NAPI-PROSOLO — O Napi-Prosolo (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Prosolo) é uma iniciativa que une a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada (Rede Agropesquisa) e o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (Prosolo). Coordenado pela Seti (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), o Napi-Prosolo busca desenvolver soluções técnicas e científicas para frear a erosão do solo e conter o assoreamento dos cursos de água no estado.

A base dessa iniciativa está nas ações estruturadas pelo Governo do Estado ao longo da última década. A Rede Agropesquisa foi oficializada em 2015, com o objetivo de promover a inovação e a pesquisa aplicada no meio rural, reunindo universidades públicas e privadas, instituições de extensão rural e entidades representativas dos produtores. Em 2016, com a criação do Prosolo, o Paraná passou a contar com uma política pública voltada à formação de especialistas, à difusão de tecnologias conservacionistas e ao uso racional dos recursos naturais nas propriedades agrícolas.

A atuação integrada dessas duas frentes preparou o terreno para o surgimento do Napi-Prosolo, em 2023, ampliando e aprofundando o escopo da pesquisa com foco na conservação do solo e da água.

Entre seus principais objetivos estão a elaboração de critérios técnicos para a implantação de práticas de controle da erosão, adaptadas aos diferentes tipos de solo e sistemas de cultivo das diversas regiões do Paraná. Além do monitoramento hidrossedimentométrico, analisa parâmetros químicos, físicos e biológicos dos solos e dissemina conhecimentos sobre o uso e conservação dos recursos hídricos no campo.

O Napi-Prosolo conta com a participação de 30 pesquisadores de 10 instituições, envolvendo mais de 130 alunos e 190 bolsistas. As ações do arranjo já resultaram na realização de 60 dias de campo e a publicação de duas obras técnicas — incluindo a que agora será lançada — com foco na conservação do solo e da água. O investimento total é de R$ 18,25 milhões, com recursos oriundos da Fundação Araucária, Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Senar-PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná) e da própria Seti.

IDR-Paraná, UTFPR, UEPG, Unicentro e o Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (Iceti) são as instituições executoras. “É um esforço que reúne pesquisa, extensão, assistência técnica e formuladores de políticas públicas para enfrentar os desafios da conservação do solo e da água no Paraná e promover práticas agrícolas sustentáveis, que garantam a produtividade e renda aos produtores e a preservação dos recursos naturais para as futuras gerações”, conclui Graziela Barbosa.