Paraná tem a madrugada mais fria do ano 24/06/2025 - 11:15

Ventos intensos dificultaram a formação de geadas mais severas

A madrugada desta terça-feira (24) foi a mais fria de 2025 até agora no Paraná, com temperatura abaixo de zero em várias localidades. O menor registro ocorreu no município de Palmas, onde os termômetros chegaram a -5,2 °C.

Embora houvesse previsão de geadas moderadas a fortes para o Sul, Centro-Sul, Campos Gerais e a Região Metropolitana de Curitiba, em muitas áreas a ocorrência do fenômeno foi menos intensa do que o esperado devido à atuação de ventos fortes durante a noite.

“Essa condição dificultou o acúmulo de ar frio próximo ao solo e impediu, em muitos casos, a formação de geada”, explica a meteorologista Angela Costa, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater).

As estações meteorológicas do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) registraram -2,8 ºC em Entre Rios; -2,4 ºC em Cascavel; -2 ºC em Guarapuava; -0,7 ºC em Campo Mourão; 0,8 ºC em Ponta Grossa; 2,6 ºC em Londrina e Maringá; e 2,7 ºC em Paranavaí.

NORMALIDADE — Iniciado no dia 20 de junho, inverno corre em condições consideradas normais para o Paraná, aponta Angela Costa. O Oceano Pacífico está em fase de neutralidade, ou seja, sem a influência dos fenômenos El Niño ou La Niña, o que resulta em condições típicas para o Estado, com episódios de frio intercalados por períodos mais amenos.

A tendência é de que o frio continue nas próximas semanas, com possibilidade de novos eventos de geada.

DANOS — As principais culturas atualmente no campo e suscetíveis à ação do frio são o café; hortaliças; frutíferas, como maçã, pera e ameixa; e as pastagens que alimentam o rebanho leiteiro e de corte. Os cereais de inverno têm resistência maior a baixas temperaturas, mas geadas intensas durante a fase de enchimento de grãos podem comprometer as lavouras.

Café e hortaliças — Lavouras de café merecem atenção. Nos plantios novos, com até seis meses de campo, recomenda-se o enterrio das mudas para proteção contra o frio. Viveiros devem ser protegidos com várias camadas de cobertura plástica ou com aquecimento. A proteção deve ser retirada assim que a massa de ar frio se afastar e o risco de geada cessar.

Para lavouras com idade entre seis meses e dois anos, a orientação é amontoar terra no tronco das plantas, até o primeiro par de folhas. Esta proteção deve permanecer até meados de setembro, e retirada manualmente para evitar danos ao tronco dos cafeeiros.

Com relação às hortaliças, recomenda-se o cultivo protegido, com fechamento adequado do entorno das estufas; a suspensão da irrigação alguns dias antes do frio mais intenso, para evitar formação de gelo sobre as folhas; e o aquecimento controlado das estufas, utilizando carvão, com monitoramento constante durante a noite e a madrugada.

Em áreas de cultivo a céu aberto, a proteção é mais complexa, mas ainda assim são possíveis algumas ações: cobrir os canteiros com manta de TNT, utilizar aquecimento com fumaça e realizar pulverizações foliares com soluções salinas, que, quando aplicadas com antecedência, podem ajudar a reduzir o ponto de congelamento das folhas.

FRUTICULTURA— A recomendação é evitar a aplicação de produtos reguladores de crescimento para quebra de dormência; adotar técnicas de aquecimento com fumaça; manter a irrigação; e manter as áreas limpas são as principais recomendações para reduzir o risco de danos por baixas temperaturas.

PECUÁRIA— Na produção leiteira, o frio intenso afeta diretamente a disponibilidade de pastagem, principal alimento dos rebanhos. Por isso, é fundamental reforçar a alimentação com volumosos, como o feno, e, principalmente, com concentrados, que ajudam os animais a manter a temperatura corporal e a compensar o maior gasto energético.

Atenção especial deve ser dada às bezerras recém-nascidas, que ainda não conseguem regular a temperatura corporal. Elas precisam ser mantidas em ambientes cobertos, sem correntes de vento, com feno forrando o piso e, se possível, com fontes adicionais de calor. Pode-se, ainda, utilizar mantas ou roupinhas confeccionadas artesanalmente para aquecer os animais.

As vacas próximas ao parto devem ser levadas para áreas cobertas ou, ao menos, piquetes maternidade com feno, devendo ser monitoradas especialmente à noite, para que os bezerros sejam rapidamente secos e aquecidos logo após o nascimento.

A pecuária de corte também enfrenta desafios em função da falta de pastagem, agravada por estiagens e geadas. Nessas situações, é recomendado o uso de suplementação alimentar, com volumosos conservados (como silagem e feno) e concentrados (milho, farelo de soja, entre outros). É importante que o pecuarista planeje essas ações com antecedência, considerando a viabilidade econômica, já que o custo da suplementação é maior do que o do pasto. Em regiões mais frias, o cultivo de gramíneas de inverno, mais tolerantes ao frio, pode ser uma alternativa viável.

MILHO — O milho da segunda safra também pode sofrer danos. As possibilidades de proteção dessas lavouras contra o frio são limitadas. Assim, a recomendação é atentar ao zoneamento de risco climático, realizando o plantio na época recomendada, de modo a garantir a cobertura do seguro rural e reduzir os riscos de perdas.

ALERTA GEADA — Criado originalmente para proteger cafezais recém-plantados, o Alerta Geada hoje atende diversas atividades agropecuárias — avicultura, suinocultura, horticultura e silvicultura, por exemplo — e ainda beneficia outros setores da economia, como turismo, comércio, mercado financeiro e construção civil.

Durante a vigência do serviço, pesquisadores do IDR-Paraná e do Simepar divulgam diariamente boletins com informações sobre as condições do tempo e a evolução de massas de ar polar no estado. Quando há previsão de massas de ar frio com potencial de causar danos, um alerta é emitido e amplamente divulgado com antecedência.

As informações podem ser obtidas nos seguintes canais:

Canal “Alerta Geada Paraná” no WhatsApp

Aplicativo IDR Clima, disponível no Google Play e na App Store

Página do IDR-Paraná

Redes sociais do IDR-Paraná (Instagram, Facebook e LinkedIn): @idrparana

Página do Simepar