Paraná tem potencial para duplicar a produtividade dos bananais 21/05/2025 - 14:06

A banana é a fruta mais consumida pelos brasileiros. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o consumo anual de banana chegou a 32 kg, per capita, em 2023. O Paraná tem centenas de famílias que atuam com a produção de banana que ocupa 7.679 hectares no estado. Desse total, 4.157 hectares estão localizados no litoral. A produtividade média do Brasil é de 15 toneladas por hectare ao ano, enquanto no Paraná chega a 19 toneladas, mas o potencial é de chegar a mais de 50 toneladas por hectare. Uma pesquisa feita pelo IDR-Paraná e Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) mostra que a correta gestão de nutrientes nas áreas com banana é fundamental para melhorar a produtividade e a rentabilidade dos bananais.

A pesquisa dos extensionistas comprova também que a aplicação de práticas como a análise de solo e análise foliar propiciam um melhor manejo nutricional e um uso mais eficiente de corretivos e fertilizantes. Um levantamento realizado pelo IDR-Paraná, integrando a pesquisa e a extensão rural, fez um diagnóstico da fertilidade do solo e estado nutricional da bananicultura no estado. A primeira fase desse trabalho envolveu propriedades da Região Metropolitana de Curitiba e Litoral. Durante a pesquisa, foi identificado que a maioria dos bananicultores não utiliza a análise de solo e a análise foliar para a tomada de decisão no manejo das adubações. Tradicionalmente, essas práticas são feitas de forma empírica e sem critérios técnicos.

Na segunda fase da pesquisa, o IDR-Paraná instalou 50 unidades demonstrativas para o acompanhamento, monitoramento e orientações com o objetivo de melhorar a produção e a produtividade de bananicultores. O trabalho envolveu a atuação direta de sete servidores capacitados do Instituto, com foco em ações práticas de manejo nutricional, como correção na calagem, aplicação de gesso no solo e adubações equilibradas com macro e micronutrientes. No litoral são 46 unidades acompanhadas por cinco servidores.

As áreas das unidades demonstrativas (UDs) têm, em média, cinco mil metros quadrados. Nelas são realizadas análises de solo e das folhas, medição da produtividade e análises de nematoides, entre outras atividades. A intenção é aprimorar o cultivo dos bananais por meio de recomendações de melhores práticas de manejo, gerenciamento de insumos agrícolas e tomadas de decisão.

Com esse projeto é possível melhorar a produtividade dos bananais, posicionando o Paraná entre as primeiras colocações de produção de banana no país. Os resultados esperados são o aumento médio da produtividade com o uso mais eficiente de insumos agrícolas, seja em sistemas convencionais, seja em plantios orgânicos.

Banana orgânica

Uma das propriedades envolvidas nesse projeto se dedica à produção de banana orgânica, em Paranaguá. Os proprietários, Celso Shindi Yamauti e Liam Yamauti, acompanhados pelo extensionista Leoclides Lazarotto do IDR-Paraná, conquistaram a certificação orgânica há dois anos. Desde então eles vêm colhendo bons resultados. Em uma área de 3,6 hectares a família cultiva banana, mandioca, maracujá e hortaliças. Toda a produção é vendida para o programa Merenda Escolar: bananas (maçã e caturra), maracujá, mandioca, cenoura, chuchu, couve, alface, berinjela, pimentão, brócolis, couve-flor, salsinha e cebolinha. A produção vem sendo mantida graças a práticas agroecológicas como a rotação de culturas, a correção da acidez do solo, a utilização de adubação verde e de bioinsumos. O contrato com o programa institucional remunera em média 30% a mais pelos produtos orgânicos certificados.

Com cultivo agroecológico e a assistência do IDR-Paraná, os dados de produtividade do bananal de Celso e Liam são animadores. De 2024 a 2025 houve um aumento no peso médio do cacho de banana-maçã  (73%) e banana caturra (145%). O sistema de produção da propriedade utiliza princípios dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) como pomares agroflorestais em faixas, utilizando a bananeira intercalada com maracujá, mandioca e outras espécies anuais, realizando rotação com outras culturas além de adubos verdes.

“O sucesso do cultivo orgânico é o produtor querer adotar o sistema. Quando o produtor pensa só no financeiro, acaba desistindo. Tem que entender que leva tempo para a transição e para obter a certificação. Com paciência o sistema começa a funcionar, e melhor que o convencional. É mais fácil de trabalhar por ser menos desgastante. E então a renda passa a melhorar. Só na Merenda, o mesmo produto aumenta 30%”, afirma Celso Yamauti. O solo com cobertura vegetal, utilizando princípios de plantio direto, mantém os microrganismos benéficos no solo, evita erosão, mantém umidade e temperatura, principalmente no calor intenso do litoral durante o verão.

De acordo com o coordenador regional do IDR-Paraná, José Aridiano Lima de Deus, o projeto traz resultados satisfatórios para o bananicultor, por se tratar da implantação de práticas simples, mas que muitas vezes são ignoradas pelos produtores. “Seja em sistemas de produção convencionais, seja com orgânicos é importante identificar in loco os fatores de produção mais limitantes e a produtividade de cada pomar, a fim de estabelecer ações e a melhores estratégias na tomada de decisão que possam minimizar as limitações causadas por fatores controláveis, como por exemplo os fatores nutricionais”, conclui.