Pesquisa, dedicação e afeto: agroindústria cria queijo em homenagem a extensionista do IDR-Paraná 18/12/2025 - 14:47

Em outubro deste ano, a queijaria Serra dos Macacos, de Nova Laranjeiras, no Centro-Oeste paranaense, lançou um novo queijo e o batizou de Lady Dani. O nome homenageia a técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Daniela Ragazzon, que atende o local desde 2018. O desenvolvimento do novo queijo começou a partir de um estudo de mestrado realizado pela própria técnica na propriedade. O gesto dos proprietários, Ozana Padilha Moreira Kaveski e Dougles Kaveski, demonstra o carinho que eles têm com a Daniela e a confiança na equipe do IDR-Paraná. A homenagem faz referência ao serviço prestado e a toda a dedicação dos profissionais na agroindústria da região, que agora ficam eternizados na marca. O que ninguém sabia é que haveria uma surpresa durante o evento de entrega da certificação Susaf-PR para a queijaria.

“Nesse evento, a Ozana me contou”, revela a Daniela Ragazzon. “Ela me pediu pra ir até a mesa de degustação, para provar alguns queijos que estavam ali para o povo. Eu fui e achei aquele queijo com resina vermelha muito macio, muito cremoso e achei maravilhoso, delicioso. Era um dos únicos queijos que eu não tinha comido, que era diferente. Foi aí que ela me falou: ‘se você aceitar, eu vou colocar o nome dele de Lady Dani’. Fiquei emocionada, foi uma homenagem muito bonita”, relembra a técnica.

A entrega do Susaf-PR para a Serra dos Macacos foi no dia 10 de outubro, durante um evento que reuniu o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, também prefeitos e lideranças da Associação dos Municípios do Centro do Paraná (Amocentro), produtores, deputados e representantes do Sistema Estadual da Agricultura (Seagri).

A queijaria foi um dos destaques da solenidade. O principal produto da marca é o Queijo Colonial Maturado por 50 dias, que já conquistou medalha de bronze no Mundial do Queijo do Brasil, além do Selo Super Ouro e o título de Melhor Queijo Colonial Maturado do Paraná no Prêmio Queijos do Paraná (2023). O produto também recebeu medalha de prata no Prêmio CNA Brasil Artesanal, na categoria Tratamento Térmico, consolidando o nome da Serra dos Macacos entre os melhores do país.

Já o novo Lady Dani é do tipo colonial cremoso, com olhaduras aromáticas, revestido de uma resina vermelha que protege, mantém a umidade e já serve como uma embalagem. O produto já está sendo comercializado, por enquanto, de maneira local. Ele já conta registro nos órgãos de defesa sanitária e rótulo.

“A Dani nos atende desde a construção da primeira agroindústria. Os extensionistas do IDR-Paraná, como um todo, são muito competentes, muito comprometidos com o produtor rural. E a Dani, ela vai e faz muito mais do que a função dela. Assim, ela nos ajuda demais. Não só nós, mas todos os produtores aqui da região. É uma pessoa muito querida, muito comprometida e uma estudiosa dos queijos”, exalta a Ozana Padilha.

“Eu gostei da ideia do desenvolvimento do queijo Lady Dani porque é sempre bom a gente reconhecer as pessoas que nos ajudam. E o pessoal do IDR-Paraná tem bastante conhecimento e interesse de ajudar a desenvolver os produtores rurais. É uma justa homenagem”, completa Dougles Kaveski.

A relação entre os proprietários da queijaria e a Daniela Ragazzon foi sendo construída ao longo dos anos. Em todo esse período de trabalho, a Serra dos Macacos quadruplicou de tamanho. A planta, que começou com 30 metros quadrados, hoje está com 120. “E em 2023, nós do IDR-Paraná fizemos um novo croqui, uma nova planta baixa para eles. E os convencemos a participar de concursos. O negócio só vem deslanchando. E, depois do Susaf-PR, agora eles podem comercializar os produtos em todo o território paranaense”, explica a Daniela.

NOME - A história do Lady Dani começa em 2022. A Daniela Ragazzon iniciou um mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), em Laranjeiras do Sul. A dissertação era sobre atividade prática de produção e os agricultores familiares. “Como eu trabalho com agroindústria, eu gostaria de fazer alguma coisa que beneficiasse essa atividade, em algo que eu já estava trabalhando”, conta a técnica.

Ela foi estudar a queijaria Serra dos Macacos e trabalhou seu mestrado com a maturação de queijo colonial. Por seis meses, analisou os queijos do local e todos os processos físico-químicos e microbiológicos, sempre trocando conhecimento com a Ozana e fazendo testes em lotes de queijos. Em agosto de 2024, após a conclusão do mestrado, a própria Ozana planejou aproveitar os estudos para desenvolver um queijo com as características imaginadas pela Daniela. E deu certo.

“Quando comecei a desenvolver esse queijo, cheio de olhaduras aromáticas, eu não conseguia pensar em outro nome que não fosse o dela, para homenagear todo esse esforço”, comemora a Ozana.

“A Ozana e o Dougles são pessoas maravilhosas. São um casal sensível, justos. Ela é uma mulher cheia de garra, de vontade, de determinação. Só com uma sensibilidade como a dela para fazer uma homenagem linda como esta”, agradece a Daniela Ragazzon.

A equipe do IDR-Paraná comemorou junto. “Batizar um queijo é das homenagens mais sinceras que o queijeiro pode oferecer. É mais que um nome no rótulo, é demonstração de afeto e respeito. Como não ficar comovida pelo gesto? E como não ficar feliz por ter uma profissional deste calibre no time? Ter um queijo homenageando a Daniela é reconhecimento pela dedicação e comprometimento dela, que estuda, se aperfeiçoa, organiza curso, evento, excursão, pra promover cada vez mais os produtores que ela acompanha”, destaca a coordenadora de Agroindústria do IDR-Paraná, Karoline Marques. “Ficamos todos felizes. Quando um colega é reconhecido, também sentimos o gostinho desta satisfação. Ficamos orgulhosos porque sabemos como é esta jornada, de acompanhar, sugerir, palpitar, insistir... E até contrariar. Mas tudo com fundamento e técnica para o desenvolvimento do produtor”, completa.