Sistema Estadual de Agricultura promove grande operação para baixar casos de greening e reforçar prevenção 29/08/2023 - 09:37

Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento), IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater) e Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) - que integram o Sistema Estadual de Agricultura (Seagri) - reforçam medidas para prevenção e controle do HLB (Huanglongbing) ou greening, uma das principais pragas que afetam os citros no mundo.

Com atividades de conscientização e fiscalização os órgãos realizam diversas ações na região Noroeste do Paraná, local com maior concentração de citros no estado. Na última semana, a Adapar promoveu, na região, uma operação visando baixar a incidência do greening (Operação Big Citros). O trabalho foi feito tanto em pomares comerciais quanto em propriedades rurais e urbanas com frutas para consumo familiar. Entre as orientações repassadas está a compra somente de mudas certificadas, evitando adquirir e plantar as que são vendidas no comércio ambulante, e o corte voluntário das árvores em que a praga já estiver detectada.

No início de julho representantes do IDR-Paraná, Seab e Adapar estiveram reunidos em Paranavaí com produtores, técnicos e lideranças para debater a implementação de medidas de contenção ao avanço da doença na região.

As ações devem envolver o levantamento da presença de fontes de inóculos (plantas contaminadas); a elaboração de protocolos técnicos para controle do vetor, o psílideo; intensificação na fiscalização do comércio de mudas e, ainda, estratégias de comunicação com o objetivo de esclarecer à população sobre a importância econômica e social da citricultura, a gravidade da situação e a necessidade de eliminar plantas doentes.

“É uma doença que pode comprometer seriamente toda a cadeia produtiva”, alerta Pedro Martins Auler, gerente de pesquisa do IDR-Paraná.

O ciclo da doença envolve ainda um pequeno inseto, o psilídeo asiático dos citros (Diaphorina citri), que adquire a bactéria ao sugar a seiva de plantas doentes e a dissemina quando se alimenta em árvores sadias, explica o pesquisador do IDR-Paraná Rui Pereira Leite Júnior.

Em pomares comerciais, o manejo é feito principalmente com aplicação frequente de inseticidas para reduzir a população de psilídeos e, também, destruição de plantas infectadas.

“Essa erradicação é vital para diminuir focos de disseminação da doença”, explica Rui Leite. A recomendação é que essa prática seja adotada inclusive nos plantios caseiros em quintais e chácaras de lazer.

No final de julho o sistema Seagri lançou uma Nota Técnica que alerta e orienta a sociedade e os diversos segmentos da cadeia produtiva da citricultura sobre a gravidade da doença, a obrigatoriedade no cumprimento da legislação fitossanitária vigente e sobre a adoção rigorosa das medidas técnicas para enfrentamento.

As plantas infectadas apresentam inicialmente folhas com manchas amarelas (ou amareladas inteiramente, se forem novas) em apenas um ou poucos ramos, quadro que pode evoluir para toda a copa da planta. Se houver produção, ocorrerá queda prematura de frutos, que serão pequenos, assimétricos e mais verdes, com sementes abortadas, teor reduzido de açúcares e acidez elevada.

Redução de produção – O HLB ou greening dos citros é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente causal do HLB. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas, além da murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp., e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.

Segundo o coordenador do Programa de Vigilância e Prevenção de Pragas da Fruticultura na Adapar, Paulo Jorge Pazin Marques, o greening afeta seriamente as plantas cítricas, principalmente devido à queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção.

Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como para processamento industrial.

Ainda segundo Marques, a doença causa a senescência de todas as partes da planta cítrica, o que pode levar à morte precoce, reduzindo a vida útil dos pomares. Praticamente todas as espécies e cultivares comerciais de citros são sensíveis ao greening, independentemente do porta-enxerto utilizado.

Maior ação – A Operação Big Citros foi a maior ação de vigilância fitossanitária já feita pela Adapar, com 40 servidores envolvidos diretamente nas ações em mais de 300 pontos georreferenciados de 13 municípios, em propriedades com plantas hospedeiras, tanto em áreas comerciais como áreas não comerciais, pomares abandonados e plantas isoladas.

Segundo o gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Blood, o greening é uma doença com potencial para inviabilizar a citricultura no Paraná e em todo o Brasil, com forte impacto na economia das regiões produtoras. Não há tratamento e o controle precisa ser preventivo.

“Os citricultores precisam se conscientizar da necessidade da eliminação das plantas cítricas com HLB, do controle efetivo do inseto vetor e da eliminação sistemática de plantas doentes”, disse. “Isso é fundamental para reverter a atual tendência de aumento da incidência da praga”.

VBP – A área ocupada pela citricultura no Paraná é de aproximadamente 29.200 ha, sendo 20.700 ha de laranjas, 7.000 ha de tangerinas e 1.500 ha de lima ácida tahiti. O Valor Bruto da Produção da citricultura somou R$ 826,8 milhões com produção de 842,4 mil toneladas de frutos (Seab/Deral, 2022).

Destacam-se os municípios de Paranavaí, Alto Paraná, Guairaçá, Nova Esperança e Cruzeiro do Oeste, com produção de laranjas; Altônia, com produção de limas ácidas; e os municípios de Cerro Azul e Doutor Ulisses, com a produção de tangerina poncã.