Centro-Sul - Feijão e Milho

Centro Sul Feijão e Milho

 

Centro Sul Feijão e Milho

 

Semana de Campo 2020

 

Castro 2020

 

Contextualização

Feijão e Milho têm grande importância socioeconômica no Brasil. Setenta por cento dos brasileiros consomem feijão diariamente, atingindo um consumo médio por pessoa de 15,3 quilos por ano deste grão, que é o símbolo da culinária brasileira.

De acordo com a FAO, a produção média mundial de feijão no período de 2016 a 2018 foi de 29,8 milhões de toneladas. Índia, Myanmar e Brasil foram responsáveis por 48% do total produzido no período, sendo que o Brasil participou com 10% dessa produção.

Originário da América Central, o feijão é a principal leguminosa comestível em todo o mundo e cultivado por pequenos e grandes produtores em praticamente todos os Estados da Federação. Na safra 2019/2020, conforme dados da CONAB, a produção nacional de feijão foi de 3,2 milhões de toneladas. O Estado do Paraná liderou a produção com 18,1% do total produzido, seguido por Minas Gerais (17,6%), Bahia (12,1%), Mato Grosso (11,3%), Goiás (10,4%) e São Paulo (5,7%).

O milho, uma das culturas mais antigas e o cereal mais produzido no mundo, se caracteriza pelas diversas formas de utilização, indo do consumo humano e animal até a indústria de alta tecnologia. Brasil ocupa a 3.ª posição na produção mundial, após os Estados Unidos e China. O estado do Paraná foi 2.º no Brasil, com 14,6% da safra nacional 2019/2020, depois do Estado do Mato Grosso que deteve 34,1%.

O IDR-Paraná historicamente dispõe de uma estrutura técnica especializada atuando em todas as regiões do estado nestas culturas, com destaque para o Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho, desenvolvido em parceria entre a assistência técnica, pesquisa, empresas do setor, prefeituras municipais, agricultores, entre outros. O Projeto apresenta e incentiva o uso de novas tecnologias, promovendo a elevação da produtividade e melhoria da renda das famílias rurais, bem como a preservação do meio ambiente e segurança alimentar. 

Os cultivos de feijão e milho são tradicionais na agricultura familiar da região sul do Paraná, compondo a renda com outras atividades nas propriedades rurais.

Fontes: MAPA; SEAB/DERAL-PR; EMBRAPA; CONAB.

 
Justificativa

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - IAPAR–EMATER (IDR-Paraná) ao longo de sua existência atende e assiste produtores de feijão e milho, entre outros, sempre acompanhando a evolução das explorações e o processo de crescimento desses produtores. Apesar de o rendimento das culturas ter melhorado nos últimos anos, ainda há vários desafios e problemas a superar. As tecnologias evoluem constantemente e a aproximação entre os geradores do conhecimento, assistência técnica e o setor produtivo é fundamental para a melhoria de produtividade e renda das famílias, mas com ações sustentáveis, na promoção e uso de boas práticas agrícolas que devem contribuir para a preservação ambiental e a segurança alimentar.

Trabalhos de campo realizados na parceria entre IDR-Paraná, SYNGENTA, EMBRAPA, IAC, PREFEITURAS MUNICIPAIS, entre outros, têm alcançado produtividades superiores a 3,5 mil kg/ha na cultura do feijão e 10 mil kg/ha na cultura do milho, mostrando um grande potencial possível de ser conquistado pelos agricultores.

 
Objetivos

Geral

  • O projeto trata da profissionalização de agricultores na produção de feijão e milho numa visão de desenvolvimento, em que, por meio do aumento da produtividade, produção e renda, com uso de boas práticas agrícolas, seja possível melhorar a condição de investimentos e a introdução de outras atividades na propriedade, porém, mantendo as lavouras de feijão e milho no sistema produtivo.

Específicos – safra 2020/2021

  • Atingir produtividades médias em Unidades Demonstrativas de Feijão superiores a 2.700 kg/ha, com base em uma tecnologia mínima e adequada ao sistema predominante.
  • Atingir produtividades médias em Unidades Demonstrativas de Milho superiores a 9.500 kg/ha, com base em uma tecnologia mínima e adequada ao sistema predominante.
  • Obter produtividades médias superiores a 2.400 kg/ha na cultura do Feijão e 9.000 kg/ha na cultura do Milho dos produtores participantes dos grupos de discussão/resultados do projeto.
  • Profissionalizar 50 produtores colaboradores responsáveis pelas unidades demonstrativas da cultura do feijão e 50 da cultura do milho, bem como 2.000 produtores participantes dos grupos de resultados do projeto, com enfoque nas questões tecnológicas, econômicas e de uso de boas práticas de produção.
 
Estratégia de ação – Safra 2020/2021
  • Articular com parcerias.
  • Envolver 08 regiões administrativas do Sistema de Agricultura do Estado do Paraná (SEAB-PR), abrangendo 50 municípios, onde o sistema de produção de feijão e milho é considerado importante para as economias locais e Estado.
  • Implantar 80 Unidades Demonstrativas de Feijão e 63 de Milho, com área de 1,0 ha cada uma delas, enfocando o uso do plantio direto e de boas práticas de produção.
  • Capacitar 55 técnicos responsáveis pelo acompanhamento das unidades demonstrativas e grupos de agricultores/resultados. Os grupos de resultados são compostos por 15 a 25 agricultores, que possuem interesses e problemas comuns.
  • Usar, além de visitas técnicas nas propriedades, metodologias grupais de assistência aos agricultores nas diversas fases de desenvolvimento das culturas.

Quadro 01: Abrangência, Técnicos envolvidos e Unidades de Feijão e Milho, safra 2020/2021:

Quadro 1

 

Fig. 01- Mapa: Área de atuação do Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho, safra 2020/2021:

Figura 1

 

 
Parcerias estratégicas

São vários os parceiros e colaboradores do IDR-Paraná que atuam direto ou indiretamente no desenvolvimento das ações do Projeto, como: SYNGENTA, EMBRAPA, IAC, UEL, SEAB, SAF-MAPA, Agricultores, Prefeituras Municipais e outros participantes em diversos momentos e atividades da safra. Institucionalmente são:

  • SYNGENTA participa com o fornecimento de agroquímicos e sementes de milho para a implantação das unidades demonstrativas. Também com recursos para treinamento de técnicos, agricultores, realização de eventos grupais, além do suporte ao projeto com um engenheiro agrônomo assistente técnico.
  • EMBRAPA participa fornecendo sementes de feijão para implantação das unidades demonstrativas e colabora com instrutores para capacitação de técnicos e agricultores e na assessoria técnica ao projeto.
  • IAC participa fornecendo sementes de feijão para implantação das unidades demonstrativas e colabora no suporte e assessoria técnica ao projeto.
  • UEL participa no suporte à instalação, monitoramento, avaliações e ações em manejo integrado de pragas do feijão.

 Grupo Base do trabalho:

Germano do R. F. Kusdra (Implementador - IDR), José dos Santos Neto (IDR), Marcos Aurélio Marangon (Embrapa), Marcos Pontillo (Implementador - Syngenta), Leonardo Hiroito Cavada (Syngenta), Thiago Romaguera Canto (Syngenta), Maurício de Barros (IDR), Lais Gomes Adamuchio (IDR), Edilson Moreira (IDR), Rubens A. Sieburger Costa (IDR), Pablo Luís Sanches Rodrigues (IDR), Ericson Marx  (IDR), Marco Antônio da Silva Reis (IDR), Danilo Augusto Scharr (IDR).

 
Resultados: Unidades demonstrativas – Safra 2019/2020

Na safra 2019/2020 foram instaladas 61 Unidades Demonstrativas (UDs) da cultura de feijão e 65 de milho. Também, com a Universidade de Londrina (UEL), foram instaladas 24 Unidades de Observação (UOs) de feijão, para continuidade do trabalho de definição do protocolo de manejo integrado de pragas da cultura no estado do Paraná (MIP-Feijão). Todos esses campos demonstrativos e de observação implantados nas propriedades de agricultores colaboradores.

A safra foi afetada por condições climáticas instáveis, principalmente nos plantios mais tardios ou de segunda safra; a elevada insolação e estiagem prejudicaram o desenvolvimento das culturas e limitaram a produtividade e a qualidade dos produtos colhidos, inclusive, com frustrações e retornos financeiros negativos de alguns campos e produtores trabalhados.

Apesar das adversidades climáticas que impactaram na produtividade das culturas e da Pandemia da Covid-19, que limitou a execução de atividades de difusão da segunda safra, a coleta de dados e o fechamento de resultados junto aos agricultores colaboradores, o projeto alcançou a produtividade média de 1,6 vezes a média do estado e de 2,3 vezes a média nacional na cultura do feijão e de 1,6 vezes a média do estado e nacional na cultura do milho. Além disso, foram realizadas 172 atividades grupais, que envolveram 9,4 mil participantes.

Analisando as margens de retorno bruto ou margem bruta (MB) das áreas dos produtores trabalhados, ressalvadas as frustrações pelas intempéries climáticas descritas, observamos que a safra foi bem satisfatória para as culturas do feijão e o milho, pois tiveram bons preços de venda para o produtor, fechando um preço médio praticado de R$ 2,72/kg de feijão e R$ 0,72/kg do milho, beneficiando as famílias que conseguiram obter uma boa safra.

A média de desembolso ou custo variável (CV) médio da cultura do feijão no Projeto foi de R$ 82,26/sc., menor comparado à safra 18/19, e a margem bruta (MB) R$ 81,22/sc., maior que em 18/19. Com o milho, na produção de grãos tivemos o custo variável médio de R$ 20,88/sc., levemente superior à safra anterior 18/19, e a margem bruta média de R$ 22,36/sc., bem acima da obtida na safra anterior. Ótimos resultados na cultura do milho associada ao Programa de Bovinocultura de Leite, com a produção de silagem em algumas unidades do projeto, pois apresentaram média de produtividade em 43 ton/ha, a um custo médio de R$ 0,08/kg.

Esta análise comparativa confirma boas remunerações para as duas culturas, que alcançaram margem bruta (MB) média de 3,5 mil reais por hectare de área cultivada. (Clique Aqui para ver detalhes e resultados das Unidades Demonstrativas)

Na sequência os gráficos 01 e 02 ilustram alguns comparativos de produtividade nacional, estadual e dos municípios no início dos trabalhos com o projeto. O quadro 02 reúne dados de margem bruta das áreas trabalhadas nas 03 últimas safras e o quadro 03 ilustra resultados médios de monitoramento de pragas em 06 safras do subprojeto MIP-Feijão (Manejo Integrado de Pragas do Feijão).

Gráfico 01: Resultados cultura do feijão 2019/2020.

Grafico 1

Fonte: IDR, Conab, Deral

* A produtividade média das áreas demonstrativas do Projeto foi 1,6 vezes a média do estado do Paraná e 2,3 vezes a nacional.

 

Gráfico 02: Resultados cultura do milho 2019/2020

Grafico 2

Fonte: IDR, Conab, Deral

* A produtividade média das áreas demonstrativas do Projeto foi 1,6 vezes a média do estado do Paraná e a nacional.

 

Quadro 02: Margem Bruta das explorações – 03 últimos anos:

Quadro 2

Margem Bruta = Receita da Produção (Valor de Venda) – Custo Variável (Desembolso).

 

Quadro 03: Resultados de 6 anos de avaliações em MIP-Feijão
safras 14/15 a 19/20

Quadro3

 

Quadro 3
 
Melhorias Esperadas
  • Melhor qualidade dos produtos comercializados pelos agricultores.
  • Manejo correto do solo e da água - aumento na adoção do sistema de plantio direto na palha - melhoria da fertilidade e conservação do solo.
  • Manejo correto de agroquímicos - proteção ao meio ambiente, segurança para o produtor e para o consumidor.
  • Aumento da rentabilidade – os produtores podem investir mais na propriedade e no conforto da família.
  • Aspecto social - promoção da permanência do homem na área rural e especialização e melhoria da utilização da mão-de-obra.
  • Abastecimento alimentar da população com o feijão - tradicional alimento da população brasileira, componente da cesta básica.
  • Atividade econômica, ecologicamente sustentável e adequada à agricultura familiar.
  • Maior Valor Bruto de Produção (VBP) das explorações, dinamizando as economias locais.

As ações do Projeto contribuem para um VBP agropecuário aproximado de R$ 1,6 bilhão do feijão e R$ 8,7 bilhões do milho e ajudam a manter o estado do Paraná como maior produtor nacional de feijão e o segundo maior de milho.

 
 Siglas Utilizadas

FAO: Organização das Nações Unidas para Alimentação; CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento; MAPA: Ministério da agricultura, Pecuária e Abastecimento; SEAB–PR: Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná; Deral: Departamento de Economia Rural do Estado do Paraná; EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária;  IAC: Instituto Agronômico; IDR-Paraná: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER; SAF: Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo; UEL: Universidade Estadual de Londrina.

 

Germano do R. F. Kusdra 
Eng. Agrônomo - Coordenador Estadual do Projeto - IDR