Produção rural e agroindústria transformam vida de família no litoral 03/01/2024 - 08:25

Elizabeth e João Luiz Santos são casados e vivem da agricultura desde a infância. Em 2003, depois de passar um tempo juntando dinheiro, eles deixaram o Oeste do Paraná e compraram uma chácara na Colônia São Luiz, em Paranaguá, em busca de melhores condições financeiras e dar condições de estudo para suas duas filhas.

O casal teve que enfrentar algumas limitações da agricultura no litoral, especialmente de ordem ambiental, que limitam a exploração da propriedade. Ao longo do tempo os produtores direcionaram a produção para atividades que permitem maior rentabilidade em pequenas áreas, como a produção de frutas, hortaliças, palmito e mandioca. As atividades são realizadas em uma área de dois hectares, sendo que a propriedade tem área tota de 6,3 hectares (4,3 são área de proteção ambiental).

O casal passou por muitas dificuldades no início, sobretudo em virtude do baixo retorno financeiro das atividades com as quais trabalhavam. Mas a dedicação e o investimento contínuo na propriedade, construíram uma vida próspera para Elizabeth e João Luiz. Eles começaram com a venda de seus produtos agrícolas como verduras e legumes na feira. Logo passaram a preparar lanches a partir de sua produção para oferecer ao público. Hoje eles contam com uma agroindústria, a Beth Lanches, que permite oferecer produtos de alta qualidade e em quantidade muito maior, tudo comercializado nas feiras de Paranaguá. Os pastéis e a coxinha de aipim são o carro-chefe. A produção é significativa. São 600 pastéis e 400 coxinhas vendidos por semana, além de massas, bolos, empadões, quibes, sucos naturais (acerola, maracujá e araçá-pêra), entre outros.

No litoral a produção de mandioca é muito importante regionalmente, pois garante o sustento de muitas famílias que exploram a cultura para a venda in natura (aipim de mesa), descascada e embalada, e também para a fabricação artesanal de farinha, que é reconhecida pela sua qualidade. A família Santos usa toda a produção de mandioca da propriedade para produzir os lanches. São cultivadas diversas variedades do tubérculo. João Luiz testa pessoalmente o cozimento e a qualidade da raiz que produz para a produção de suas coxinhas.

A família Santos recebe assessoria do IDR-Paraná desde que chegou ao litoral. Naquela época o serviço de extensão rural era prestado pela Emater que, posteriormente, passou a fazer parte do Instituto. A orientação vai desde a recuperação e preparo do solo, seleção de cultivares, plantio e manejo das culturas, até a agroindustrialização e o crédito rural. Foi graças aos programas oficiais que a família conseguiu adquirir um trator para produzir e uma van utilitária para a logística de comercialização. Também recebem assistência para entrega de alimentos através de programas institucionais, como a Merenda Escolar.

O planejamento dos investimentos mudou completamente a qualidade de vida da família. Em 2003 o casal possuía uma pequena casa de madeira, na qual fizeram melhorias para agregar valor aos produtos da roça e vender na feira. Além de conseguir uma renda para seu sustento, o que sobrava foi aplicado no aumento da produção, na variedade e na quantidade de lanches e alimentos oferecidos pelo casal na banca da feira. Com essa determinação, atualmente Elizabeth e João Luiz têm hoje uma casa confortável, uma agroindústria que gera três empregos diretos e outros cinco postos indiretos de trabalho nas atividades agrícolas. Suas filhas, Priscila e Renata, atualmente já são pós-graduadas.

Tamanho esforço, planejamento e foco chamaram a atenção de instituições de ensino. Os proprietários da Chácara Santos recebem, desde 2009, visitas de estudantes de escolas municipais, estaduais, universidades, institutos federais, e até excursões de universidades dos Estados Unidos e Canadá. A condução das visitas é realizada em parceria com o IDR-Paraná, e divulga a evolução trabalho da família tanto na condução das atividades agrícolas, quanto na transformação dos produtos que são comercializados. Essa atividade também é importante por propiciar a troca de saberes entre campo e cidade, cada um com algo para ensinar e aprender com o outro.