A Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná sediou, na última semana, a reunião do Planejamento Integrado 2025-2026 do Programa de Agroecologia. A ação consiste em integrar os programas de extensão rural e pesquisa e inovação do Instituto e se insere em uma agenda voltada aos nove programas integrados do IDR-Paraná.

Na ocasião foram apresentados resultados dos projetos e ações de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) e de pesquisa referentes aos últimos anos. Também foram analisadas novas demandas de pesquisa e definidos temas para projetos integrados de pesquisa e extensão, além da continuidade de projetos já existentes com foco na comunicação e transferência de tecnologias.

Cenário da Agroecologia no Paraná

Com mais de 4.300 certificações orgânicas, a agroecologia no Paraná apresenta avanços importantes, e o IDR-Paraná contribuiu, buscando parcerias com outras entidades, com destaque para a criação de leis municipais de incentivo à produção orgânica, o fomento aos bioinsumos, ações como o Programa Paraná Mais Orgânico, que facilita a certificação e orientação técnica aos agricultores familiares, além de estudos para mecanização adaptada às pequenas propriedades.

Ainda são desafios expressivos, a sucessão familiar, a necessidade de mais profissionais na ATER, falta de sementes, mudas e variedades adaptadas ao sistema orgânico, pesquisas de controle biológico de pragas, doenças e invasoras, além de abertura de novos mercados para orgânicos, hoje muito concentrados na alimentação escolar. Também é preciso estimular a produção voltada às demandas reais dos consumidores, garantindo renda e motivação para que mais pessoas permaneçam no campo e produzam com qualidade, constância e diversidade.

Continuidade dos projetos na Estação de Agroecologia

A Estação de Agroecologia localizada em Pinhais conta com área de 147 ha e está inserida em Área de Preservação Ambiental, na bacia de captação do rio Iraí. Na reunião foram apresentados os resultados dos projetos desenvolvidos nesta Estação, entre os quais, o projeto da Casa da Agroecologia, com foco principal em transferência de tecnologia. No ano de 2024 passaram mais de 3.500 pessoas entre público de eventos internos e externos. Este projeto tem previsão de execução até dezembro de 2025 e inclui atividades relacionadas à pesquisa, experimentação e extensão em agroecologia, onde são testadas novas práticas e tecnologias em busca de uma agropecuária mais sustentável.

De acordo com a diretora de pesquisa e inovação do IDR-Paraná, Vânia Moda Cirino, este projeto passará por avaliação no segundo semestre de 2025 e terá continuidade, assim como outros projetos terão continuidade ou serão criados em busca de soluções para gargalos tecnológicos que dificultam a expansão de sistemas de produção de base agroecológica, contemplando cadeias de produção como, por exemplo, a fruticultura, olericultura, e a produção de leite orgânicos. A questão do material propagativo também foi abordada pela diretora, “já que em breve os agricultores que adotam o sistema orgânico poderão utilizar somente material propagativo originário desse sistema e, por isso, precisamos colocar isso em foco, com tecnologias e produtos tecnológicos disponibilizados para eles”, enfatizou.

A certificação orgânica dentro do projeto Casa da Agroecologia será mantida, ponto que será melhor discutido na reunião de encerramento do projeto no segundo semestre de 2025, para avaliação dos resultados alcançados nestes três anos de execução e para definição de novos desafios e metas para a nova fase do projeto.

As atividades com o rebanho leiteiro já foram objeto de estudos, como o trabalho “Uso intramamário de óleo essencial de melaleuca (Melaleuca alternifolia) em vacas bovinas e bubalinas leiteiras”, realizado em 2021. Outros estudos estão em andamento ou previstos: “Uso da torta de neem (Azadirachta indica) no controle de Toxocara vitulorum em bubalinos e bovinos” e “Toxicidade e eficácia do óleo de pimenta-da-Jamaica (Pimenta dioica) no controle de Rhipicephalus microplus em bovinos leiteiros de criação orgânica no Paraná”. Esses trabalhos ganham ainda mais relevância diante das demandas crescentes dos produtores, em especial os familiares, por uma agropecuária cada vez mais sustentável baseada em princípios agroecológicos. Estes podem ter como base as práticas da bovinocultura de leite orgânica desenvolvidas na estação, especialmente no que se refere à alimentação dos animais que é à base de pasto, no manejo que integra os cuidados o solo, pasto, produção de silagem/grãos, cuidados sanitários e do bem-estar do rebanho. 

Outros projetos

As ações dentro da Estação de Pesquisa em Agroecologia devem seguir inspirando agricultores, pesquisadores e extensionistas para difusão de práticas agroecológicas, como serviu de inspiração para o projeto VITÓRIAS - Vitrines Tecnológicas de Orientação para a Agroecologia e Sustentabilidade. O projeto em parceria com outras instituições como a ITAIPU Binacional e a FAPEAGRO (Fundação de Apoio ao Agronegócio), busca a disseminação de tecnologias de produção sustentável, abrangendo desde plantas medicinais até espaços didáticos para apresentar práticas agroecológicas na região oeste do Paraná.

 “Esses espaços são fundamentais para os agricultores trazerem as demandas, levarem conhecimento e se sentirem parte do processo. É uma estrutura que tem que ser desenvolvida de forma participativa para ser atrativa e ter a participação de agricultores e estudantes nos espaços técnicos científicos” afirmou engenheira agrônoma do IDR-Paraná Simone Grisa, responsável pelo eixo Oeste do convênio VITÓRIAS.

Outros projetos englobam a gama de atividades desenvolvidas pelo IDR-Paraná no Estado, entre eles “Pesquisa em Agricultura Orgânica no Paraná”, “Máquinas para manejo de cobertura vegetal e controle de plantas espontâneas” e “Sistemas Agroalimentares sustentáveis: área de sistemas agroecológicos e circuitos curtos de comercialização”.